Oposição protesta no Congresso contra prisão domiciliar do ex-presidente Bolsonaro
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB) antecipou seu retorno à Brasília e cancelou uma agenda que teria em Fortaleza (CE) nesta quarta (6) depois de protestos e obstrução de deputados da oposição.
Além da ocupação do plenário da Câmara, presidentes de partidos de centro-direita se articulam para reagir à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de determinar a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (PL).
Motta participaria de um seminário sobre alfabetização na capital do Ceará. Mas, já na manhã da terça-feira (5), decidiu antecipar o retorno depois de participar das inaugurações de hospitai em Patos (PB) e em João Pessoa, capital paraibana.
Articulação da oposição
Na terça, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, teve uma conversa sobre o tema com os presidentes do União Brasil, Antônio Rueda, e do Progressistas, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), pedindo apoio à obstrução dos trabalhos no Congresso.
Rueda e Nogueira, cujas legendas que presidem formam uma federação, aceitaram participar da ofensiva pela paralisação dos trabalhos no Legislativo e orientaram as bancadas dessa forma.
Presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, em Brasília, em 02/04/2025
Ueslei Marcelino/Reuters
Este não foi a primeira articulação do grupo. Há cerca de duas semanas, quando Bolsonaro passou a usar tornozeleira eletrônica, Rueda sugeriu uma conversa remota incluindo também o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (Republicanos-SP).
A reunião acabou não acontecendo, os presidentes entraram na sala virtual em momentos diferentes – muitos estavam de férias no exterior.
Marcos Pereira, que é advogado e tem causas nas cortes superiores, tem sinalizado que não quer entrar em confronto direto com o STF. Pesa também o fato de ser presidente do partido de Motta. Mesmo assim, deputados do partido mais alinhados ao bolsonarismo têm participado da ofensiva.
O PL tem pressionado outras siglas a aderirem mais abertamente a uma mobilização pró-Bolsonaro.
A oposição pretende ocupar as mesas diretoras por tempo indefinido. Deputados e senadores vão fazer rodízio de 3 horas ocupando as mesas por 6 horas de descanso. A ideia é só paralisar quando houver uma reunião conjunta com os presidentes da Câmara e do Senado.