O crime organizado no Brasil se estrutura em uma complexa rede de facções que disputam poder, território e o controle de atividades ilícitas, como o tráfico de drogas e armas. Entre as dezenas de organizações criminosas em atividade no país, três facções se destacam pela sua capilaridade, poder de fogo e capacidade de desestabilizar a segurança pública: o Primeiro Comando da Capital (PCC), o Comando Vermelho (CV) e a Família do Norte (FDN).
Conheça em detalhes a origem, a estrutura e a área de atuação dessas três gigantes do crime.
Primeiro Comando da Capital (PCC)
Nascido em 31 de agosto de 1993, no presídio de Taubaté, em São Paulo, o Primeiro Comando da Capital (PCC) se tornou a maior e mais poderosa facção criminosa do Brasil. Com cerca de 35 mil membros, segundo estimativas do Ministério Público de São Paulo, o PCC expandiu seus tentáculos para todos os estados brasileiros e para países vizinhos, como Paraguai, Bolívia e Colômbia, de onde importa drogas e armas.
A facção, que surgiu como uma forma de autoproteção dos presos contra a violência do sistema carcerário, se transformou em uma organização empresarial do crime, com uma estrutura hierárquica rígida e um estatuto próprio, que dita as regras de conduta de seus membros. O PCC controla o tráfico de drogas em grande parte do país, além de atuar em outros crimes, como assaltos a bancos, roubo de cargas e lavagem de dinheiro.
A facção também é conhecida por sua capacidade de se infiltrar no poder público, elegendo políticos e financiando campanhas eleitorais para garantir seus interesses. O PCC mantém uma relação de aliança com a ‘Ndrangheta, a poderosa máfia italiana, para a exportação de cocaína para a Europa, o que demonstra o seu alcance transnacional.
Comando Vermelho (CV)
O Comando Vermelho (CV) é a facção criminosa mais antiga do Brasil, fundada em 1979, no presídio Cândido Mendes, na Ilha Grande, no Rio de Janeiro. A facção surgiu da união de presos comuns com presos políticos, que transmitiram aos criminosos noções de organização e hierarquia. O CV se tornou a segunda maior facção do país, com forte presença no Rio de Janeiro, seu berço, e em outros estados, principalmente no Norte e Nordeste.
A facção controla o tráfico de drogas em diversas favelas do Rio de Janeiro e em outras cidades brasileiras, além de atuar em outros crimes, como o tráfico de armas e a extorsão. O CV é conhecido por sua extrema violência e por seus confrontos com a polícia e com facções rivais, como o Terceiro Comando Puro (TCP) e a Amigos dos Amigos (ADA).
Apesar de não ter a mesma estrutura empresarial do PCC, o CV mantém uma forte influência no mundo do crime e uma grande capacidade de mobilização. A facção também busca se expandir para outros estados e países, em uma disputa constante por território e poder com o PCC.
Família do Norte (FDN)
A Família do Norte (FDN) é a terceira maior facção criminosa do Brasil e a principal força do crime na região amazônica. Fundada em 2007, no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, a FDN surgiu como uma dissidência do Comando Vermelho e se fortaleceu a partir do controle do tráfico de drogas na rota do rio Solimões, uma das principais vias de escoamento da cocaína produzida na Colômbia e no Peru.
A facção é conhecida por sua extrema violência e por seus métodos brutais, como decapitações e esquartejamentos. Em janeiro de 2017, a FDN foi responsável pelo massacre de 56 presos no Compaj, em um dos episódios mais sangrentos da história do sistema carcerário brasileiro. O massacre foi resultado da guerra entre a FDN e o PCC pelo controle do tráfico de drogas na região Norte.
Apesar de ter sofrido duros golpes da polícia nos últimos anos, com a prisão de seus principais líderes, a FDN ainda mantém uma forte influência no mundo do crime na Amazônia e representa uma grande ameaça à segurança pública na região.
