O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a criticar publicamente o chefe do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano), Jerome Powell, e cobrou a redução imediata da taxa básica de juros no país.
Em sua última reunião, nos dias 17 e 18 de junho, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed anunciou a manutenção dos juros básicos no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano.
A próxima reunião da autoridade monetária para definir a taxa de juros acontece na semana que vem, dias 29 e 30 de julho.
Desde o início de seu mandato, em janeiro deste ano, Trump já fez uma série de críticas a Powell e cobrou publicamente a redução dos juros da economia dos EUA, o que ainda não ocorreu desde que o republicano tomou posse.
“As famílias estão sendo prejudicadas porque as taxas de juros estão muito altas e até mesmo o nosso país está tendo de pagar um juro mais elevado do que deveria por causa do ‘atrasado’”, escreveu Trump em sua rede social, a Truth Social, referindo-se a Powell.
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Na mensagem, o presidente dos EUA afirmou ainda que os juros da economia norte-americana deveriam “estar três pontos abaixo do nível atual”. “[Isso] Nos faria economizar US$ 1 trilhão por ano. Esse sujeito teimoso no Fed simplesmente não entende, nunca entendeu e nunca vai entender. O comitê deveria agir, mas não tem coragem para isso”, criticou Trump.
A elevação da taxa de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para controlar a inflação. Segundo dados divulgados na terça-feira pelo Departamento do Trabalho, a inflação nos EUA ficou em 2,7% em junho, na base anual, ante 2,4% registrados em maio. Na comparação mensal, o índice foi de 0,3%, ante 0,1% em maio.
A sucessão de Powell
O mandato de Jerome Powell à frente do BC norte-americano termina em maio de 2026. Caberá a Donald Trump fazer a indicação do sucessor.
Na semana passada, em meio às pressões da Casa Branca sobre o Fed, o nome do atual secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, foi mencionado por Trump como possível candidato a sucessor de Powell à frente da autoridade monetária.
“Ele [Bessent] é uma opção. É um nome muito bom. Gosto muito do trabalho que está fazendo”, afirmou Trump, na ocasião.
O próprio Scott Bessent reforçou as críticas de Trump a Powell e disse que a Casa Branca já iniciou um “processo formal” para encontrar o sucessor de Powell à frente da autoridade monetária.
Além de Scott Bessent, segundo a imprensa especializada dos EUA, entre os favoritos para suceder Jerome Powell na presidência do Fed estão o ex-diretor Kevin Warsh; o chefe do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hasset; e o atual diretor do Fed Christopher Waller.
A diretoria do Federal Reserve é composta por sete integrantes que cumprem mandatos de 4 a 14 anos – todos são indicados pela Presidência dos EUA. A indicação para o cargo de presidente do Fed é definida pela Casa Branca e confirmada por uma votação no Senado norte-americano a cada 4 anos.
Em 2022, Jerome Powell foi indicado pelo então presidente dos EUA, Joe Biden, para um segundo mandato à frente do Fed. O entendimento majoritário nos EUA é o de que o presidente do Fed não pode ser removido do cargo sem que haja uma “justa causa”. Há, no entanto, um caso pendente de decisão pela Suprema Corte do país que remete a um precedente estabelecido há 90 anos, em 1935.