Conforme avançam as investigações da Polícia Federal (PF) contra o deputado estadual Tiego Raimundo dos Santos Silva (MDB), conhecido como “TH Joias”, aumentam os indícios do suposto envolvimento do político com o mundo do crime. Os investigadores encontraram, no celular dele, provas de proximidade com Gabriel Dias de Oliveira, o “Índio do Lixão”.
Esse traficante é conhecido por abastecer a facção criminosa com armas, como fuzis importados do Paraguai. “Índio” também é apontado como um dos principais articuladores do tráfico no Rio.
Ao longo das investigações, foi descoberto que a esposa do traficante, Fernanda Ferreira Castro, foi lotada na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) por indicação de TH Joias, dar respaldo institucional à família do criminoso e reforçar laços com a cúpula do CV.
A nomeação de Fernanda ocorreu em 13 de setembro de 2024, conforme publicação no Diário Oficial do RJ. Ela assumiu um cargo em comissão de assistente parlamentar.
Além dela, outro homem próximo à facção criminosa, Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, o “Dudu”, também ocupava cargo no gabinete do deputado. Ambos figuram entre os alvos da operação, que cumpriu mandados de busca e apreensão e de prisão preventiva contra integrantes da facção.
Diálogos comprometedores
A Polícia Federal (PF) obteve acesso a áudios que revelam uma relação de proximidade entre o deputado estadual do Rio de Janeiro (RJ), e criminosos do Comando Vermelho (CV) que ocupam “cargos de chefia” e influência dentro da facção.
Os investigadores avaliaram que as conversas entre TH e os chefes do CV ilustram a posição do deputado diante do traficante.
Em uma das gravações, datada de julho de 2024, TH responde a um pedido de Gabriel Dias de Oliveira, o Índio do Lixão, apontado como um dos chefes da facção no Complexo do Alemão, dizendo: “Seu pedido é uma ordem. Eu trabalho pra você”.
Conforme apontado pela polícia, após assumir o mandato na (Alerj), TH manteve encontros com traficantes e intercedeu em favor da facção.
Em outro diálogo, ele teria pedido para que um Pix fosse enviado a Luciano Martiniano da Silva, conhecido como o “Pezão”, atual chefe do CV no Alemão.
Prisão
TH foi preso na última quarta-feira (3/9), durante uma operação policial. De acordo com a denúncia oferecida pelo Ministério Público do RJ (MPRJ), que deu embasamento à ação, os acusados atuavam nos Complexos da Maré e do Alemão e na comunidade de Parada de Lucas, intermediando a compra e venda de drogas, armas e equipamentos antidrones, usados para dificultar operações nos territórios ocupados pela facção.
Eles também teriam movimentado grandes somas em espécie para financiar as atividades do grupo criminoso.
Para o MPRJ, o parlamentar utilizou o mandato para favorecer a organização, inclusive nomeando comparsas para cargos na Alerj. Ele é acusado de intermediar diretamente a compra e a venda de drogas, armas de fogo e aparelhos antidrones, além de realizar pagamentos a integrantes do Comando Vermelho.
Os denunciados responderão por associação a organização criminosa e pelo comércio ilegal de armas de fogo de uso restrito, intermediado pelo parlamentar.