A quatro dias do tarifaço, Lula cobra postura civilizada dos EUA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta segunda-feira (28) que espera que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “reflita sobre a importância do Brasil” e adote uma postura de diálogo em vez de impor tarifas unilaterais.
A declaração foi dada durante cerimônia de inauguração de uma usina de gás natural no estado do Rio de Janeiro.
O tarifaço de Trump, de 50% sobre produtos brasileiros que entrarem nos EUA, começa a vigorar na quinta-feira (1º). O governo brasileiro considera a medida uma violação das boas práticas comerciais.
“Eu espero que o presidente dos EUA reflita a importância do Brasil e resolva fazer aquilo que no mundo civilizado a gente faz. Tem divergência? Senta numa mesa, coloca a divergência do lado e vamos tentar resolver”, disse Lula. “E não de forma abrupta, individual, tomar a decisão de que vai multar, taxar o Brasil em 50%.”
Em semana decisiva para o Brasil, uma comitiva de oito senadores de diversas correntes políticas está nos Estados Unidos para tentar abrir um canal de negociação e evitar o tarifaço. Eles têm uma série de reuniões com parlamentares e empresários americanos, mas não há previsão de agenda com representantes da Casa Branca.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, também desembarcou nos EUA para agendas na ONU e indicou que estaria aberto para o diálogo se houver uma sinalização positiva do governo Trump, segundo apurou a TV Globo/GloboNews.
Soberania sobre os recursos minerais
Durante o discurso, Lula também destacou que pediu à equipe de governo um levantamento detalhado das riquezas do solo e subsolo brasileiros. Segundo ele, apenas 30% do potencial mineral do país foi explorado ou mapeado até o momento.
“Esses dias eu li uma matéria que os EUA têm interesse nos minerais críticos do Brasil. Ora, se eu nem conheço esse mineral e ele já é crítico, eu vou pegar ele pra mim. Por que eu vou deixar para outro pegar?”, questionou o presidente.
De acordo com Lula, será criada uma “comissão ultraespecial” para coordenar esse levantamento. Ele também defendeu que empresas interessadas na exploração de recursos no país atuem sob controle estatal.
“Temos que dar autorização para a empresa pesquisar sob o nosso controle. Quando a empresa achar [minério], ela não pode vender sem conversar com o governo. E muito menos vender a área que tem o minério, porque aquilo é nosso, é do povo brasileiro”, afirmou.
Política externa e abertura de mercados
Lula ainda ressaltou que o Brasil não busca confronto com parceiros internacionais. “A gente não quer briga, a gente quer negociar, a gente quer fazer comércio”, disse.
Ele comemorou a abertura de 398 mercados internacionais para produtos brasileiros desde o início do terceiro mandato.
“Faltam dois mercados para completar 400. Quando completar, eu vou comemorar como o Pelé comemorou os mil gols dele”, brincou. “Porque não é fácil abrir mercado. É muita conversa, muito telefonema, muita carta. Se tem uma coisa que ninguém me pega, é com preguiça de conversar.”