O governo do Ceará decretou situação de emergência nesta quinta-feira (4) em razão do impacto do tarifaço dos Estados Unidos. O decreto nº 36.828, assinado pelo governador Elmano de Freitas (PT), garante a solicitação e obtenção de recursos federais e estaduais para lidar com o problema.
No setor de exportações, o Ceará tem dependência do mercado norte-americano, responsável por mais de 44% das exportações locais. As tarifas impactam siderurgia, frutas, pescados e pás eólicas.
As exceções previstas pelo governo dos EUA não contemplaram a maioria dos produtos cearenses. Segundo o governo do estado, mais de 90% das mercadorias seguem sujeitas ao aumento de 50% nas tarifas.
No primeiro semestre de 2025, o Ceará exportou mais de US$ 1,1 bilhão. A siderurgia respondeu por US$ 528 milhões, quase metade do total. Os dados mostram que o setor representa 49% de todas as vendas externas do estado entre janeiro e junho, consolidando-se como a base das exportações cearenses.
O peso recai sobre empresas que já registram queda no volume exportado desde agosto, o que pressiona a geração de empregos e a arrecadação do Estado.
Governo compra de produtores locais que comprovarem perdas com tarifaço
O governo também abriu licitação com apoio a empresas do setor alimentício prejudicadas pelas tarifas. A iniciativa prevê a compra de mel, castanha, filé de peixe, água de coco e cajuína de empresas que comprovarem perdas em relação a 2024.
O governo do Ceará já havia sancionado, em 7 de agosto, uma lei que previa apoio emergencial às empresas impactadas pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos. Confira as medidas:
- auxílio financeiro às empresas que exportam para os Estados Unidos;
- compra de produtos dessas empresas para atender equipamentos do governo;
- antecipação de pagamento de créditos;
- aumento de incentivos fiscais, além da instalação do Comitê Estratégico para acompanhar a aplicação das medidas.
A legislação autorizou o Executivo a conceder auxílio financeiro direto às empresas exportadoras e a comprar seus produtos para abastecer equipamentos estaduais.
Tarifaço completa um mês de vigência
Neste sábado (6) o tarifaço de Trump completa um mês de vigência. A elevação das tarifas faz parte da estratégia do presidente norte-americano no contexto da disputa comercial com parceiros internacionais. Além das tarifas, Washington também adotou sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e abriu investigação sobre o Pix, etanol, pirataria e em outras frentes.
Moraes é relator do processo que apura suposta tentativa de golpe em 2022 envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados. Trump acusa o magistrado de perseguir Bolsonaro e de violar a liberdade de expressão ao impor obrigações às plataformas digitais.