A 1ª Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) condenou, nesta quinta-feira (4/9), o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, a 12 jogos de suspensão e multa de R$ 60 mil por ter forçado um cartão amarelo em um jogo contra o Santos, em 2023, para beneficiar apostadores, mas o absolveu de parte da acusação.
A Corte entendeu, por unanimidade, que o jogador não teria agido para prejudicar o Flamengo, conforme previsto no artigo 243 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), mas por outras razões. Caso fosse confirmada tal intenção, ele teria uma condenação ainda mais severa: suspensão de 360 a 720 dias.
Durante o voto nesta quinta, o relator do caso, Alcino Guedes, afirmou que a atitude do atacante não visou prejudicar o clube, entendimento que foi acompanhado pelos demais integrantes da Comissão.
Bruno Henrique foi condenado, apenas, com base no artigo 243-A, que trata da atuação “de forma contrária à ética desportiva, com o fim de influenciar o resultado de partida”. Nesse caso, ele recebeu a suspensão máxima, prevista no Código, de 12 partidas, e a multa intermediária de R$ 60 mil – o máximo seria R$ 100 mil.
O que dizem os artigos 243 e 243-A:
Artigo 243: Atuar, deliberadamente, de modo prejudicial à equipe que defende. § 1º Se a infração for cometida mediante pagamento ou promessa de qualquer vantagem, a pena será de suspensão de 360 a 720 dias, e eliminação no caso de reincidência, além de multa, de R$ 100 a R$ 100 mil.
Artigo 243-A: Atuar de forma contrária à ética desportiva, com o fim de influenciar o resultado de partida, prova ou equivalente. Pena: multa de R$ 100 a R$ 100 mil, e suspensão de seis a 12 partidas, provas ou equivalentes, se praticada por atleta, mesmo se suplente, treinador, médico ou membro da comissão técnica, ou pelo prazo de 180 a 360 dias, se praticada por qualquer outra pessoa natural submetida a este Código; no caso de reincidência, a pena será de eliminação.
Confira como votou cada auditor do STJD:
Auditor e relator do caso, Alcino Guedes:
- Absolveu da denúncia do artigo 243;
- Acolheu a denúncia do artigo 243-A: pena mínima de 12 partidas e multa de R$ 60 mil.
Auditor Guilherme Martorelli:
- Absolveu da denúncia do artigo 243;
- Absolveu da denúncia do artigo 243-A;
- Condenou no artigo 191 combinado com artigo 65: multa de R$ 100 mil.
Auditor William Figueiredo:
- Absolveu da denúncia do artigo 243;
- Condenou no artigo 243-A: pena de 12 partidas e multa de R$ 60 mil.
Auditora Carolina Ramos:
- Absolveu da denúncia do artigo 243;
- Condenou no artigo 243-A. Acompanhou o relator: pena de 12 partidas e multa de R$ 60 mil.
Auditor e presidente da Comissão Disciplinar, Marcelo Rocha:
- Absolveu da denúncia do artigo 243
- Condenou no artigo 243-A. Acompanhou o relator: pena de 12 partidas e multa de R$ 60 mil.
Manipulação
- Em 1º de agosto de 2025, a Procuradoria do STJD denunciou o atacante Bruno Henrique e mais quatro pessoas por manipulação de resultados envolvendo apostas esportivas.
- Além de Bruno Henrique, a Procuradoria denunciou mais quatro atletas amadores: o irmão do jogador, Wander Nunes Pinto Junior, além de Claudinei Vitor Mosquete Bassan, Andryl Sales Nascimento dos Reis e Douglas Ribeiro Pina Barcelos (todos amigos de Wander).
Entenda o caso
Na denúncia, a Procuradoria do STJD apontou que o atacante do Flamengo reforçou um “acordo” com apostadores às vésperas da partida contra o Santos, em 31 de outubro de 2023. Segundo o órgão, o jogador teria enviado uma mensagem ao irmão reiterando que cumpriria a promessa de receber um cartão amarelo durante o jogo.
O atacante do Flamengo foi condenado pelo STJD com base no Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD).