A coluna teve acesso às mensagens enviadas por um stalker à senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS). Nesta terça-feira (9/9), a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação no âmbito de uma investigação que apura crimes de perseguição e violência política de gênero praticados contra diversas mulheres, incluindo a parlamentar.
As capturas de tela obtidas pela coluna revelam mensagens de assédio enviadas à Thronicke em diferentes datas. Contudo, não há confirmação de que tenham partido do alvo da operação deflagrada nesta terça (9).
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Em 5 de novembro,a senadora recebeu no e-mail uma mensagem enviada por meio de um endereço eletrônico em nome de “Ítalo Almeida Gala”. O stalker iniciou dizendo: “Mamãe prepara um quarto para mim morar com a senhora. Te amo muito (sic).”
No mesmo dia, mais tarde, ele escreveu: “Mamãe não vai precisar expor na mídia que a senhora me adotou. Te amo muito (sic).”
Já em 6 de novembro, o mesmo remetente enviou três fotos de um pênis em diferentes ângulos.
Ele ainda escreveu: “Mamãe me tira do lugar aonde eu estou. Me leva para morar com a senhora. Carlos será um amigo, quem eu amo é a senhora mãe (sic).”
No dia seguinte, o mesmo remetente enviou, às 8h4, uma mensagem que dizia “Bom dia minha mamãe (emoji de coração). Mãe arruma um quarto para mim. Tenho que sair daqui onde estou (sic)”.
O perseguidor continuou. Pouco mais de uma hora depois, por volta das 9h40, escreveu mais uma mensagem dando bom dia à senadora.
Nesta terça (9), a PF cumpriu mandado de busca e apreensão em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (RJ), no âmbito da Operação Assédio. A deputada federal de Goiás Silvye Alves (UB) também teria sido uma vítima.
Veja
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As mensagens foram enviadas entre 5 e 7 de novembro de 2024
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Ele chamava a senadora de mamãe
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O homem chegou a mandar fotos das partes íntimas
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O perseguidor pedia para ser adotado
Material cedido à coluna
Operação
De acordo com a PF, além da busca, a Justiça determinou medidas cautelares contra o investigado. Ele está proibido de acessar a internet, manter contato com as vítimas ou deixar a Região Metropolitana do Rio de Janeiro sem autorização judicial.
A corporação destacou que a iniciativa faz parte do esforço nacional de enfrentamento à violência política de gênero, prática que tem como objetivo intimidar, constranger ou silenciar mulheres na vida pública.
Segundo os investigadores, as condutas atribuídas ao suspeito configuram perseguição sistemática e ataques direcionados às parlamentares, em clara tentativa de afetar o exercício de suas funções.
“Atitudes sexistas e criminosas”
A assessoria da senadora afirmou, em nota, que a parlamentar não foi comunicada previamente sobre a operação e declarou que a senadora confia plenamente no trabalho investigativo da Polícia Federal.
Segundo a nota, ao longo de seu mandato, Thronicke tem sido alvo frequente de crimes dessa natureza, incluindo ameaças de morte a ela e aos seus familiares. “Isso reflete atitudes sexistas e criminosas contra mulheres em cargos públicos.”
Soraya salientou que o enfrentamento a esses crimes não é responsabilidade apenas dos órgãos de investigação, mas também do Legislativo e destacou a Lei do Stalking (Lei nº 14.132/2021), de autoria da senadora Leila Barros, que ampliou as penas para esse tipo de delito.