O Senado Federal aprovou, na noite desta terça-feira, a PEC 66/23, medida que institucionaliza o calote de precatórios. Como mostrado pela Gazeta do Povo, a proposta de emenda à Constituição permite que estados e municípios parcelem o pagamento de suas dívidas a perder de vista e retira os precatórios federais da meta fiscal a partir do próximo ano.
A PEC 66/23 também reduziu o índice de correção dos precatórios, prejudicando ainda mais os credores dos governos federal, estaduais e municipais, além de criar condições mais brandas para que estados e municípios negociem dívidas com o INSS.
Não por acaso, a PEC está sendo avaliada como o aval do Legislativo a um verdadeiro calote estatal dos precatórios, que são dívidas reconhecidas pela Justiça que os governos têm com empresas e pessoas.
A proposta, inclusive, contraria decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo a qual os precatórios voltariam a incidir na meta fiscal da União a partir de 2027. Caso isso de fato acontecesse, o governo correria o risco de ficar sem espaço no orçamento para despesas básicas, como os pisos da saúde e da educação.
Entidades como a OAB do Paraná e o Instituto Brasileiro de Direito Previdenciário (IBDP) alertaram para os riscos que a PEC 66/23 traz. “Trata-se de uma proposta que sacrifica a segurança jurídica, a responsabilidade fiscal de longo prazo e a justiça social no altar de uma conveniência orçamentária imediatista e ilusória”, afirma relatório técnico do IBDP.
Ainda assim, a proposta obteve aprovação expressiva na votação em segundo turno no Senado, com 71 votos a favor e apenas 2 contrários. No primeiro turno, o placar havia sido de 62 a 4.
Assim que for promulgada, no próximo dia 9, a emenda passará a ter validade imediata. Veja quais foram os senadores que votaram contra e a favor da PEC:
Senadores que votaram contra a PEC dos precatórios (PEC 66/2023):
- Eduardo Girão (Novo-CE)
- Oriovisto Guimarães (PSDB-PR)
Senadores que votaram a favor da PEC dos precatórios (PEC 66/2023)
- Alan Rick (União-AC)
- Alessandro Vieira (MDB-SE)
- Ana Paula Lobato (PDT-MA)
- Angelo Coronel (PSD-BA)
- Astronauta Marcos Pontes (PL-SP)
- Augusta Brito (PT-CE)
- Beto Faro (PT-PA)
- Carlos Portinho (PL-RJ)
- Carlos Viana (Podemos-MG)
- Chico Rodrigues (PSB-RR)
- Ciro Nogueira (PP-PI)
- Cleitinho (Republicanos-MG)
- Confúcio Moura (MDB-RO)
- Damares Alves (Republicanos-DF)
- Daniella Ribeiro (PP-PB)
- Dr. Hiran (PP-RR)
- Dra. Eudócia (PL-AL)
- Eduardo Braga (MDB-AM)
- Eduardo Gomes (PL-TO)
- Efraim Filho (União-PB)
- Esperidião Amin (PP-SC)
- Fabiano Contarato (PT-ES)
- Fernando Dueire (MDB-PE)
- Fernando Farias (MDB-AL)
- Flávio Arns (PSB-PR)
- Giordano (MDB-SP)
- Hamilton Mourão (Republicanos-RS)
- Humberto Costa (PT-PE)
- Irajá (PSD-TO)
- Ivete da Silveira (MDB-SC)
- Izalci Lucas (PL-DF)
- Jader Barbalho (MDB-PA)
- Jaques Wagner (PT-BA)
- Jayme Campos (União-MT)
- Jorge Kajuru (PSB-GO)
- Jorge Seif (PL-SC)
- Jussara Lima (PSD-PI)
- Laércio Oliveira (PP-SE)
- Leila Barros (PDT-DF)
- Lucas Barreto (PSD-AP)
- Luis Carlos Heinze (PP-RS)
- Mara Gabrilli (PSD-SP)
- Marcelo Castro (MDB-PI)
- Marcio Bittar (PL-AC)
- Marcos Rogério (PL-RO)
- Margareth Buzetti (PP-MT)
- Mecias de Jesus (Republicanos-RR)
- Nelsinho Trad (PSD-MS)
- Omar Aziz (PSD-AM)
- Otto Alencar (PSD-BA)
- Paulo Paim (PT-RS)
- Pedro Chaves (MDB-GO)
- Plínio Valério (PSDB-AM)
- Professora Dorinha Seabra (União-TO)
- Randolfe Rodrigues (PT-AP)
- Renan Calheiros (MDB-AL)
- Rodrigo Pacheco (PSD-MG)
- Rogério Carvalho (PT-SE)
- Rogerio Marinho (PL-RN)
- Romário (PL-RJ)
- Sergio Moro (União-PR)
- Sérgio Petecão (PSD-AC)
- Soraya Thronicke (Podemos-MS)
- Styvenson Valentim (PSDB-RN)
- Teresa Leitão (PT-PE)
- Tereza Cristina (PP-MS)
- Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB)
- Wellington Fagundes (PL-MT)
- Weverton (PDT-MA)
- Zenaide Maia (PSD-RN)
- Zequinha Marinho (Podemos-PA)
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