quarta-feira , 17 setembro 2025
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PT desembarcou de PEC da Blindagem após Lula entrar em campo e apontar impopularidade da pauta

Deputados do PT votaram a favor da PEC da Blindagem ‘para que a anistia fosse derrotada’
A bancada do PT na Câmara dos Deputados decidiu votar majoritariamente contra a PEC da Blindagem depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva entrou em campo e apontou a impopularidade da pauta, segundo relatos de deputados petistas.
Lula se reuniu ontem com o presidente nacional do PT, Edinho Silva, horas antes da votação da PEC na Câmara. Parlamentares petistas afirmam que o conteúdo do diálogo foi compartilhado por Edinho em uma reunião da bancada.
O presidente teria dito que a proposta não é um tema do Executivo, e sim do Legislativo, mas que seria ruim para o PT votar a favor da matéria. As declarações foram interpretadas como um sinal para a bancada de como se posicionar na votação da PEC.
Nos últimos dias, a cúpula da Câmara e deputados do centrão e do PT costuraram um acordo que previa a aprovação da PEC da Blindagem em troca da derrubada da proposta que anistia os golpistas. A ideia era aprovar a PEC ontem e derrotar a urgência da anistia nesta quarta-feira, enterrando de vez a principal pauta da oposição.
Em função do arranjo, a tendência na bancada do PT era votar majoritariamente a favor da PEC, mas o cenário mudou após Lula entrar em campo, na avaliação dos parlamentares.
O líder do governo, Odair Cunha (PT-MG), liberou os deputados da base, seguindo a orientação do Palácio do Planalto de que o Executivo ficaria neutro. Já o líder do PT, Lindbergh Farias (PT-RJ), orientou a bancada a votar contra a matéria. No fim das contas, foram 51 votos contrários e 12 favoráveis.
Segundo relatos de parlamentares, alguns deputados petistas votaram contra a PEC, mas trabalharam nos bastidores para que outros colegas votassem a favor. Em contrapartida, deputados que se dizem contrários ao mérito da proposta votaram a favor por pragmatismo, com o argumento de que era preciso fazer um gesto a Hugo Motta e também derrotar a anistia.
Sob reserva, um petista que votou a favor afirmou que não queria “pagar para ver”. “No passado eu paguei para ver e teve o impeachment da Dilma. Paguei para ver, e o Lula foi preso. Não quis correr esse risco agora.”

Nas redes sociais, o governo foi cobrado por apoiadores por não ter se mobilizado publicamente contra a PEC da Blindagem. Também houve muitas críticas aos deputados petistas que votaram a favor do texto.
Apesar da repercussão negativa sobre a PEC nas redes sociais, deputados do PT avaliam que o partido tomou a decisão correta. A avaliação interna das assessorias é que as críticas da sociedade civil à proposta podem se estender até 2026 e, sim, ter reflexos eleitorais.
Além disso, deputados petistas avaliam que o próprio centrão não quer aprovar o projeto de lei da anistia – para não incluir novamente o ex-presidente Jair Bolsonaro no jogo político e não desagradar o STF (Supremo Tribunal Federal). “Vai [aprovar] nada, eles [centrão] não querem aprovar isso [anistia], é só conversa fiada para jogar a gente no debate”, diz um governista.
Aliados de Motta e parlamentares do centrão, no entanto, acusam o PT de não cumprir acordos e ameaçam retaliar o governo aprovando a urgência da anistia.

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