O PIB do segundo trimestre foi de R$ 3,2 trillhões, um crescimento de 0,4% em relação ao primeiro, de acordo com dados do IBGE divulgados nesta terça-feira (2). Houve uma desaceleração no ritmo de expansão da atividade econômica, puxada pela menor influência da agropecuária no resultado e pelo efeito das altas taxas de juro na economia.
As altas dos setores de serviços (0,6%) e da indústria (0,5%) compensaram a variação negativa da agropecuária (-0,1%). Pelo lado da oferta, o consumo das famílias cresceu 0,5%, enquanto o consumo do governo caiu 0,6%, e investimentos recuaram 2,2%.
Segundo a coordenadora da Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, a variação positiva de 0,4% indica uma desaceleração no crescimento da economia. “Era um efeito esperado a partir da política monetária restritiva (alta nos juros) iniciada em setembro do ano passado. A indústria de transformação e a construção, que dependem de crédito, são mais afetadas nesse cenário”, avalia. Ela também destaca que os efeitos negativos na construção e na produção de bens de capital ajuda a explicar a queda nos Investimentos.
Palis explica que o setor de serviços é menos afetado por essa política restritiva. “Foi uma alta disseminada pelo setor e puxada pelas atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados; Informação e comunicação, impulsionado pelo desenvolvimento de software, e transporte, armazenagem e correio, puxado por transporte de passageiros”, diz.
Do lado da demanda, o consumo das Ffamílias e o setor Externo sustentaram o crescimento do PIB, já que houve queda no consumo do governo. “O total de salários reais segue crescendo e há uma manutenção dos programas governamentais de transferência de renda, o que contribui para o consumo das famílias”, avalia a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.
Pelo setor externo, a alta nas exportações contribuiu para o resultado positivo do PIB. “Está sendo um ano bom para o agro e para a indústria extrativa, que são commodities que o país exporta”, explica Rebeca.
Nota da Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda, liberada instantes após a divulgação dos resultados, aponta que a perda do ritmo de crescimento da economia já era esperado;
Só o PIB da agropecuária acelera no comparativo anual
Na comparação anual, o PIB desacelerou de 3,5% para 3,2% do primeiro para o segundo trimestre. O PIB agropecuário avançou 5,8%, ante alta de 1,8% no primeiro trimestre. Os demais setores desaceleraram nessa métrica. O crescimento da indústria passou de 3,1% para 2,4%, enquanto a expansão dos serviços passou de 3,3% para 2,9%.
O ritmo de expansão do consumo das famílias caiu de 4,2% para 3,4%, o consumo do governo de 1,2% para 1,0%, e o investimento de 8,8% para 8,3%. As exportações e importações também desaceleraram no período. O crescimento das exportações passou de 1,8% no primeiro trimestre para 1,2% no segundo, enquanto o ritmo de expansão das importações passou de 15,6% para 12,8%.