domingo , 21 setembro 2025
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PF apura saques de R$ 14 milhões em banco na Assembleia do Pará

A Polícia Federal (PF) aponta que cerca de R$ 14 milhões foram sacados em uma agência bancária dentro da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) com o objetivo de repassar os valores para servidores corruptos vinculados ao poder Legistativo paraense.

A informação consta em documento da operação Expertise, deflagrada no início de setembro e que apura a atuação de uma organização criminosa voltada ao cometimento de crimes contra a administração pública e a lavagem de dinheiro, mediante a contratação fraudulenta de empresas por diversos órgãos públicos estaduais e municipais do Pará.

A investigação mira contratos de empresas co a Alepa, o Detran e a Polícia Científica do Pará.

“Conforme se extrai, os corruptores provisionam o saque de valores em agência de instituição financeira localizada nas acomodações da sede da Assembleia Legislativa Estadual. Logo após o saque, os valores são entregues a servidores públicos corruptos vinculados à Casa Legislativa, em suas próprias dependências”, diz trecho do documento.

A PF afirma, com base nos saques nas dependências da Alepa, que “a maior fatia do bolo da propina” do grupo de empresas investigado era direcionada aos servidores da Assembleia.

“Tal suspeita é ratificada pela informação constante em IPJ 103/2025 no sentido de que, somente nos três meses de funcionamento da agência Sicoob nas dependências da Assembleia Legislativa do Estado do Pará, foram aí sacados (e provavelmente pagos a título de propina) o estratosférico montante de R$ 14.000.000,00 (quatorze milhões de reais)”, afirma.

Para a PF, os saques dentro da própria Alepa facilitavam a ação criminosa, além de prevenir possíveis ocorrências de “intempéries” do deslocamento do dinheiro e diminuir o levantamento de suspeitas.

“Utilizam os membros da Organização criminosa da proteção/blindagem das dependências do Poder Legislativo Estadual para a prática desprezível de seus crimes”, concluiu a corporação.

Como mostrou a coluna, a PF também investiga saques que somam R$ 101 milhões em espécie realizados por pessoas ligadas a empresas sob suspeita.

Segundo relatório do caso, baseado em informações do Conselho de Controle de Atividade Financeiras (Coaf), a empresa Líder Engenharia, contratada por diversos órgãos públicos do estado do Pará, movimentou o montante de R$ 198,3 milhões entre 2018 e 2025.

Do total, R$ 101,7 milhões foram sacados em espécie, principalmente por dois dos investigados: Jacélio Faria da Igreja, sócio da Líder, e Alberto Furtado Pinheiro, sócio da Brasil Brasil e da Fortes Comércio. Ambos tiveram ordem de prisão preventiva autorizadas pela Justiça.

Esses mesmos empresários são suspeitos de repassar propina para servidores públicos. Durante a investigação, agentes chegaram a monitorar supostas entregas de dinheiro e fizeram flagrantes de momentos em que os empresários supostamente estariam sacando recursos e repassando a terceiros.

PF apreende dinheiro e joias durante operação Expertise, no Pará

Como funcionava o esquema

Segundo a investigação do caso, o primeiro passo do esquema se dava a partir do firmamento de contratos milionários fraudulentos entre as empresas investigadas e órgãos vinculados ao governo do estado do Pará, tais como os citados Detran e Polícia Científica, ou a Alepa.

Segundo a decisão que autorizou as ações da PF, processos licitatórios eram autorizados, montados e realizados por funcionários ocupantes de cargos chave de órgãos públicos participantes no esquema, havendo suspeita de direcionamento a determinadas empresas.

Em seguida, diz o documento, eram realizados os pagamentos de valores milionários às empresas participantes do esquema, mesmo sem a realização do objeto do contrato.

Na última etapa, eram realizados saques de valores em espécie de contas vinculadas às empresas investigadas ou de pessoas físicas e jurídicas a elas associadas. Em seguida, tais valores são entregues em mãos a autoridades públicas corruptas vinculadas aos entes estatais.

“Há também a transferência direta entre contas vinculadas a empresas investigadas e autoridades públicas”, diz o juiz que assina a decisão.

Defesa

A coluna entrou em contato com o governo do Pará, com o Detran e com a Polícia Científica do Pará, que informaram não ter conhecimento sobre os fatos investigados.

A defesa de Jacélio, embora tenha afirmado que teve acesso apenas recentemente ao material da investigação, negou que ele tenha cometido qualquer irregularidade.

“O Sr Jacécilo não cometeu nenhum ato de corrupção, muito menos precisou de qualquer favorecimento para obter qualquer contração da Líder fora dos ditames legais”, afirmou.

Com relação às atividades financeiras levantadas pelo Coaf, o advogado afirma que o relatório do órgão tem aptidão para atestar eventuais movimentações atípicas, porém, “essa atipicidade não representa automaticamente uma ilegalidade”.

“Durante a investigação teremos todo interesse em prestar os esclarecimentos, após análise dos autos, e por certo iremos esclarecer os fatos controversos da investigação”, ressaltou.

Questionada, a Alepa, as empresas citadas e a defesa de Alberto Furtado não se manifestaram.

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