quarta-feira , 3 setembro 2025
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PCC planejou usar arma que derruba até avião para matar promotor de SP

Dias antes de ser preso, em agosto, o empresário José Ricardo Ramos viajou até Goiás com o intuito de viabilizar o recebimento de uma Hilux SW4 blindada, que seria adaptada para uso no plano de assassinato do promotor de Justiça Amauri Silveira Filho, do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Campinas, interior de São Paulo. Descoberto pela polícia, o ataque não foi consumado.

Conforme documento do Gaeco obtido pelo Metrópoles, a Hilux teria as placas trocadas e o banco traseiro retirado. Isso seria feito para a acoplagem de uma metralhadora calibre .50, com poder de fogo suficiente para abater aeronaves de pequeno porte.

Foi com esse mesmo tipo de armamento que o Primeiro Comando da Capital (PCC) executou o narcotraficante Jorge Rafaat Toumani, o “Rei da Fronteira”, em 2016. Ele dominava a fronteira entre o Brasil e o Paraguai, estratégica para a venda de drogas.

De acordo com a investigação, a motivação para o assassinato do promotor seria uma retaliação do empresário Maurício Zambaldi, o Dragão aos “notáveis prejuízos patrimoniais” que sofreu após a deflagração da Operação Linha Vermelha, em fevereiro deste ano. Tanto Dragão quanto José Ricardo seriam, segundo o MPSP, associados ao PCC.

Na ocasião, mandados de busca e apreensão foram cumpridos na casa de Dragão e em suas empresas. Ele chegou a quebrar seu celular e arremessá-lo pela janela ao perceber a chegada dos integrantes do Gaeco com a polícia, dificultando o trabalho das autoridades.

Relações com Serginho Mijão

A trama criminosa ganha contornos ainda mais preocupantes com a revelação feita pela Promotoria sobre a parceria de Dragão com Sérgio Luiz de Freitas Filho, o Serginho Mijão, integrante da alta cúpula do PCC. Atualmente ele está foragido e é considerado um dos criminosos mais procurados do país.

Segundo as investigações, Maurício e Mijão mantêm “relações negociais próximas”. O empresário, aponta o MPSP, atua na ocultação e dissimulação de bens e valores provenientes de atividades ilícitas do crime organizado.

Após as perdas resultantes da Operação Linha Vermelha, Dragão teria transferido dois imóveis de suas empresas para uma pessoa indicada por Mijão, demonstrando a estreita colaboração e o auxílio financeiro prestado.

A conexão foi corroborada pelos registros que revelam a transferência dos imóveis para um intermediário. Este, por sua vez, os repassou para a Avantex Empreendimentos e Participações Ltda., empresa cujo sócio é Sérgio Luiz de Freitas Neto, filho de Serginho Mijão.

Ataque financiado com Porsche

Morador do Condomínio Alphaville, em Campinas, José Ricardo Ramos foi designado por Maurício e Mijão para executar o plano assassino. O levantamento do Gaeco, obtido pelo Metrópoles, indica que ele ajudava o PCC na lavagem de dinheiro e na revenda de cargas roubadas de agrotóxicos. José Ricardo conta com histórico criminal por homicídio qualificado, receptação e roubo.

Como pagamento pela estruturação do atentado, José Ricardo recebeu dinheiro para comprar um Porsche, avaliado em R$ 1 milhão, de Maurício e Sérgio Mijão. O carro de luxo foi revendido para custear a execução do promotor.

Para isso, José ficou encarregado de acompanhar a rotina do promotor, indicando pontos frequentados com assiduidade pelo alvo. O criminoso também ficou encarregado de obter carros blindados, que seriam usados na execução, além de contratar assassinos.

Vigilância da vítima

Para vigiar o promotor Amauri Silveira Filho, José Ricardo teria utilizado um veículo cedido por Thiago Salvador, proprietário de um estacionamento e lava-rápido. Salvador também forneceu informações sobre a rotina do membro do MPSP, incluindo detalhes sobre a academia que ele frequentava.

Além de pretender acoplar a arma antiaérea no carro blindado, José Ricardo estaria trabalhando ativamente para contratar pistoleiros, inclusive do Rio de Janeiro.

José e Maurício Dragão foram presos na última sexta-feira (29/8). No sábado (30/8), a Justiça de São Paulo manteve os dois empresários presos.

Metrópoles busca a defesa de Zambaldi e Ramos. O espaço está aberto para manifestação.

Quem é o promotor alvo do plano de ataque

O promotor alvo do plano de assassinato é Amauri Silveira Filho, do Gaeco de Campinas. Ele esteve à frente de investigações sobre esquemas de corrupção em contratos públicos, além do envolvimento de policiais civis com o tráfico de drogas.

O plano de atentado foi descoberto na quarta-feira (27/8). Dois dias depois, o Gaeco de Campinas e o 1º Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) deflagraram a operação que culminou com a prisão dos dois empresários. Também foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão.

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