O ex-piloto de Fórmula 1 Tarso Marques disse ao Metrópoles que não sabia que o Lamborghini dirigida por ele ao ser detido, na noite do sábado (30/8), acumulava débitos e restrições na Justiça.
Marques foi preso por receptação e adulteração de veículo, e liberado na manhã deste domingo (31/8), em audiência de custódia, após o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) arbitrar o pagamento de fiança no valor de 15 salários mínimos — o equivalente a R$ 22,7 mil. O ex-piloto ainda não efetuou o pagamento.
Não sabia estar sem placa e desconhecia débitos e restrições
Tarso explicou que o veículo de luxo não era dele, mas sim de uma empresa que o contratou para a realização de um projeto. Ele contou que pegou o carro para ir até um posto de gasolina próximo de onde mora — e que costuma frequentar –, e não percebeu que o Lamborghini estava sem placa.
“Nem me atentei que estava sem a placa. Era um carro que estava na ponta [da garagem] para sair. Eu falei: ‘eu vou aqui, é [sic] 200 metros da minha casa, vou lá e volto em 5 minutos’. Aí aconteceu tudo isso”, disse.
Apreendido, o Lamborghini está em um pátio. “O cara que vai ter que retirar o carro, o responsável vai ter que explicar. Mas aí, já foge do meu negócio”, afirmou Tarso. Por não ser dono do carro, o ex-piloto alega que desconhecia os débitos e restrições do veículo de luxo.
O Lamborghini Gallardoss, avaliado em R$ 1,2 milhão, tem registro de apropriação indébita, restrições judiciais e licenciamento em atraso, desde 2013. O veículo possui débitos no valor total de R$ 1.330,949,89 e de R$ 2.935,59 em multas municipais, segundo a polícia.
O carro também está registrado em nome de uma empresa condenada por práticas ilegais, incluindo pirâmide financeira, acrescentou a PM.
“Parece que a empresa, o proprietário da empresa, sei lá, tem alguns processos. Ela [policial] falou que ele está como fiel depositário. Eu não sei se é um processo, se é um processo trabalhista, ou se é alguma ação. Eu não faço ideia do que seja, mas acho que eles pedem, não sei se pedem o bem ou podem vender o carro, não sei”, afirmou Tarso.
Pego em uma blitz
O ex-piloto de Fórmula 1 foi detido enquanto passava por uma blitz na Ponte Cidade Jardim, na zona oeste de São Paulo. Ele contou à reportagem que, no caminho que fazia até o posto de gasolina, já tinha visto a ação policial ali, mas não viu problema em passar por ela, pois acreditava estar tudo certo com o carro.
“Eu vi a blitz e fui passar, porque eu não imaginei que não estava com a placa, né? Senão, eu jamais teria parado, e teria colocado a placa antes, ou antes de sair, ou saído com outro carro”, disse, negando que tenha tentado fugir ou que tenha colocado a identificação do veículo quando percebeu a presença da polícia.
Fiança de 15 salários mínimos
Segundo Tarso, ele não chegou a ficar detido, mas virou a noite aguardando os procedimentos policiais. O ex-piloto conta que teve que esperar a blitz acabar até ser levado ao pátio e, em seguida, à delegacia, onde teria chegado no amanhecer deste domingo. Ele também passou por teste do bafômetro e o resultado deu negativo.
No 14º Distrito Policial (Pinheiros), ele foi autuado pelos códigos 311 e 180 do Código Penal – adulteração de sinal identificador de veículo e receptação, respectivamente –, como mostra uma foto feita na delegacia (em destaque).
Conforme o TJSP informou, Tarso foi solto em audiência de custódia, mediante pagamento de fiança no valor de 15 salários mínimos (R$ 22,7 mil) e medidas cautelares, as quais nem ele e nem a Corte especificaram.
O ex-piloto demonstrou não saber ao certo quais são suas pendências na Justiça após o ocorrido. “Eu tenho que passar para o advogado, porque, na verdade, assim, eu não entendo o que falam, mas eu sei que eu tenho que, daqui a um tempo, acho que em um mês, eu tenho que ir no cartório, assinar alguma coisa”, disse.
Durante a semana, ele deve confirmar com um advogado se passará por audiência e como será feito o pagamento da fiança.
“Acho que eram 15 salários mínimos que falaram, mas não veio [intimação] ainda, não recebi nada disso, só fui liberado”, contou.
Se manifestou nas redes sociais
Após ser solto, Tarso publicou vídeos em seu perfil no Instagram minimizando a situação. “Domingão, sol lindo, hora de encontrar com os brothers de novo, vamo lá”, começou.
Ao volante de outro carro de luxo, com teto solar aberto, Tarso contou que estava trafegando pelo mesmo local onde gravava os vídeos, quando foi parado pela polícia por estar dirigindo sem placa. Segundo o ex-piloto, ele mesmo levou o veículo, que pertenceria à empresa de um cliente, até o pátio para apreensão.
“O pessoal da polícia fez o trabalho normal, super legal, tranquilo, mas tive que levar o carro e dirigi. E fui lá. E agora parece que os carros tinham umas pendências de IPVA, multa, e agora parece que uma ação, alguma coisa, do proprietário, ou da empresa do proprietário, não sei. Então, eles autuaram o carro, e é isso. Mas tá tudo legal, obrigado. Só não devia ter saído sem placa, né. Na verdade nem sabia que estava sem placa, soube na hora que parou na blitz”, disse.
Veja a declaração de Tarso Marques na íntegra:
Quem é Tarso Marques
- Tarso Marques disputou a principal categoria do automobilismo pela Minardi e, também, tem passagens pela Fórmula Indy, Stock Car e outras categorias de turismo e endurance.
- Ele é irmão do também piloto Thiago Marques e filho do ex-piloto Paulo de Tarso.
- Tarso atuou como responsável pelo quadro “Lata Velha”, do programa Caldeirão do Huck, e faz participações regulares no programa Auto Esporte. Além disso, é comentarista de Fórmula 1 na Rádio Jovem Pan.