sexta-feira , 1 agosto 2025
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medidas de Trump têm “muita injustiça” mesmo com isenções

O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, afirmou nesta quinta (31) que as isenções dadas pelo presidente Donald Trump ao tarifaço de 50% sobre os produtos brasileiros são apenas o “ponto de partida” da negociação, mas que as medidas ainda têm “muita injustiça”.

Na véspera, Trump assinou a ordem executiva confirmando a taxação às importações do Brasil para os Estados Unidos excluindo quase 700 produtos, entre componentes aeronáuticos, petróleo, suco de laranja e alguns minérios. No entanto, produtos como café, carnes e algumas frutas seguem tarifados com a previsão de início adiada para o dia 6 de agosto.

“Algumas das nossas observações foram evidentemente apreciadas e contempladas, mas estamos longe do ponto de chegada. Estamos num ponto de partida mais favorável do que se imaginava, mas longe do ponto de chegada. Há muita injustiça, há correções a serem feitas, há setores afetados que não precisariam estar sendo afetados, nenhum a rigor”, afirmou a jornalistas ao chegar no ministério mais cedo.

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Negociações continuam

Fernando Haddad confirmou que conversou na quarta (30) com a equipe do secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, para agendar uma nova reunião de negociação. Ele havia mencionado nesta semana que estava tentando um novo encontro, com a possibilidade de participar junto do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), que é também ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).

“Haverá agora uma rodada de negociações e vamos levar às autoridades americanas os nossos pontos de vista, e obviamente vamos recorrer nas instâncias devidas – tanto nos Estados Unidos como nos organismos internacionais – no sentido de sensibilizar para buscar mais integração e parcerias”, pontuou.

O ministro citou que setores que não tiveram isenção de tarifas neste momento estão em uma situação dramática que precisa ser negociada por afetar não apenas os negócios no Brasil, mas também nos Estados Unidos.

Ainda de acordo com Haddad, a pretensão do Brasil – como uma “grande economia” – é de se aproximar dos Estados Unidos e ampliar o comércio bilateral, mas sem ser apenas um “apêndice de nenhuma outra economia” sem “dependência de nenhum bloco econômico”, citando a União Europeia, a China e o próprio país norte-americano.

Haddad ressaltou que o plano de contingência para o auxílio de setores afetados pelo tarifaço de Trump será lançado nos próximos dias e deve contemplar medidas como “proteção à indústria brasileira, aos empregos, ao agro também, quando for o caso”, analisando cada setor.

“A atitude do Brasil tem sido a atitude correta, de argumentar, levar à consideração do governo dos Estados Unidos, os pontos de vista sóbrios, serenos e maduros do Brasil, buscar mais cooperação”, afirmou pontuando que medidas como as impostas por Trump causam desequilíbrios econômicos que afetam não apenas o Brasil, mas todo o Mercosul.

“Agressão de uma potência”

Fernando Haddad voltou a ressaltar a motivação política do tarifaço, afirmando que eventuais questionamentos às decisões judiciais brasileiras podem ser levados a organismos internacionais, e não uma “agressão de uma potência externa contra os interesses do Brasil”.

“Temos um Poder Judiciário que funciona. E, quando ele não funciona, ou se tem a percepção que ele não está funcionando bem, você tem o Comitê de Direitos Humanos da ONU. O presidente Lula não recorreu a ele [quando foi julgado e preso]? O Brasil é signatário de todos os acordos e convenções internacionais que protegem os direitos humanos”, pontuou o ministro.

O ministro afirmou que o Brasil tem uma “legislação ampla” de direitos humanos, que ele acredita ser “uma das mais maduras do mundo, ao contrário do que a ordem executiva [de Trump] faz crer”. “É um dos países mais democráticos do mundo hoje”, completou.

“Temos que explicar que a perseguição a um ministro da Suprema Corte não é o caminho para uma negociação. [A sanção a Moraes pela Lei Magnitsky] é fruto de desinformação ou de má informação que está sendo prestada por brasileiros nos Estados Unidos”, disparou o ministro.

Haddad ainda frisou que o Brasil está sendo fragilizado pela atuação “de uma força interna trabalhando contra os interesses do país”, e que não há nada semelhante no mundo com o que está acontecendo aqui.

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