O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu nesta sexta-feira (5) à presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, para reforçar o apoio ao acordo entre a União Europeia e Mercosul por causa do tarifaço imposto pelo presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, a dezenas de países do mundo. O pedido foi feito em uma ligação do petista à líder europeia e durou cerca de 20 minutos.
Durante a conversa, Lula ainda defendeu o multilateralismo nas relações comerciais exteriores e a preocupação com futuras medidas que venham a ser adotadas pelo líder norte-americano. Há a expectativa de que novas sobretaxas sejam impostas aos países que fazem comércio com a Rússia.
“Ambos concordaram que, diante do momento de incerteza e desestruturação do comércio internacional, a parceria entre os dois blocos regionais é ainda mais estratégica. O futuro acordo criará um mercado de mais de 700 milhões de pessoas e corresponderá a 26% do PIB global”, afirmou o governo brasileiro em nota sobre a ligação de Lula e von der Leyen (veja na íntegra mais abaixo).
Ursula von der Leyen emendou e afirmou que foi uma “excelente conversa com Lula hoje sobre nosso interesse mútuo em promover o Acordo UE-Mercosul”. “Este é um sinal importante da nossa forte parceria e compromisso com o multilateralismo”, completou em uma postagem publicada em uma rede social.
VEJA TAMBÉM:
Campanha do governo alfineta Trump e tenta ressignificar camisa “verde e amarela”
Ainda durante a conversa, Lula agradeceu pelo envio do acordo pela Comissão Europeia ao Conselho Europeu para a formalização do pacto. Ele também destacou a expectativa de que a assinatura ocorra ainda neste ano, durante a Cúpula do Mercosul, que será realizada no Brasil.
Por outro lado, ele ressaltou que que “qualquer regulamento sobre salvaguardas que seja adotado internamente pela União Europeia esteja em plena conformidade com o espírito e os termos pactuados no Acordo”. A mensagem foi interpretada como um alerta contra possíveis barreiras adicionais que possam prejudicar a implementação do pacto.
Essa preocupação ocorre principalmente por causa da resistência da França ao livre comércio de produtos agrícolas do Brasil, alvos de protestos de produtores franceses por receio de perderem mercado o próprio país. O próprio presidente Emmanuel Macron vem deixando esta resistência clara mesmo diante de Lula.
Lula e von der Leyen também reafirmaram o compromisso com o multilateralismo e com a construção de uma ordem internacional “mais justa e pacífica”. Esta última é uma bandeira do presidente petista desde o início de seu terceiro mandato, em que prega uma reforma em organismos como a Organização das Nações Unidas (ONU) e demais instituições multilaterais.
O tema do meio ambiente também foi discutido, em que Lula destacou que a “COP 30 será a COP da verdade, quando os líderes mundiais poderão refutar o negacionismo e apresentar compromissos concretos de transição para uma economia verde”. Von der Leyen reiterou o apoio da União Europeia à realização da conferência em Belém, em 2025.
Os dois líderes reforçaram a defesa de metas ambiciosas de descarbonização, alinhadas ao Acordo de Paris, como resposta à crise climática global. Para Lula, a agenda ambiental deve estar atrelada ao comércio, com garantias de sustentabilidade nos fluxos internacionais.
“A Europa apoia totalmente os preparativos do Brasil para a COP 30. Com a liderança do Brasil nos mercados de carbono, devemos fazer de Belém um verdadeiro marco para o planeta”, completou a líder europeia.
Veja abaixo, na íntegra, o comunicado do Palácio do Planalto sobre a conversa de Lula com Ursula von der Leyen nesta sexta (5):
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou para a presidenta da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, na manhã desta sexta-feira, 5 de setembro.
Por cerca de 20 minutos, os dois líderes conversaram sobre as relações entre o Brasil e o bloco europeu, bem como trocaram impressões sobre temas da agenda global.
O presidente Lula saudou o envio do acordo Mercosul-União Europeia pela Comissão para aprovação pelo Conselho Europeu, como mais um passo importante para sua assinatura. Manifestou, nesse sentido, a expectativa de que o Acordo possa ser assinado no final deste ano, durante a Cúpula do MERCOSUL no Brasil.
O presidente Lula também defendeu que qualquer regulamento sobre salvaguardas que seja adotado internamente pela UE esteja em plena conformidade com o espírito e os termos pactuados no Acordo.
Ambos concordaram que, diante do momento de incerteza e desestruturação do comércio internacional, a parceria entre os dois blocos regionais é ainda mais estratégica. O futuro acordo criará um mercado de mais de 700 milhões de pessoas e corresponderá a 26% do PIB global.
O presidente Lula e a presidenta von der Leyen também reiteraram seu compromisso com o multilateralismo e com uma ordem internacional mais justa e pacífica.
Em linha com o compromisso do Brasil e da União Europeia com a implementação do Acordo de Paris e com o enfrentamento da grave crise climática que afeta o planeta, os dois líderes reforçaram seu compromisso com metas ambiciosas de descarbonização da economia. O presidente Lula reafirmou que a COP30 será a COP da verdade, quando os líderes mundiais poderão refutar o negacionismo e apresentar compromissos concretos de transição para uma economia verde.
A presidenta von der Leyen reiterou seu apoio e o da União Europeia à realização da COP30 em Belém.
