O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, e o comandante do Exército, general Tomás Paiva, após reunião com Lula
Guilherme Mazui/g1
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou nesta sexta-feira (5) que o “lema das Forças Armadas é respeitar” decisões do Poder Judiciário.
Múcio deu as declarações após se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e com comandantes e ex-comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica no Palácio da Alvorada.
O ministro da Defesa foi questionado por jornalistas sobre o julgamento do núcleo crucial – composto por Jair Bolsonaro e outros militares – da tentativa de golpe, na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). Múcio declarou que o assunto não foi tema da reunião de Lula com os comandantes nesta sexta.
“O lema das Forças Armadas é respeitar a decisão da justiça. Esse assunto é um problema da justiça e da política. As Forças Armadas são uma coisa diferente, servem ao país”, disse.
“Nós somos conscientes de que tínhamos que passar por isso tudo. Estamos serenos e aguardando o veredicto da Justiça que será cumprido”, completou Múcio, que deu entrevista ao lado do general Tomás Paiva, comandante do Exército.
O ministro evitou fazer comentários sobre a mobilização de partidos da oposição, no Congresso Nacional, pela aprovação de um projeto de anistia a condenados pelos atos golpistas de 8 de Janeiro.
Bolsonaristas tentam beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, um dos réus do núcleo crucial da tentativa de golpe, com a medida.
“Eu acho que essa queda de braço [do Judiciário com o Legislativo] não serve ao país. Nós estamos em uma hora em que a gente precisa juntar todo mundo para construir esse país”, disse.
Relação com os EUA
Jatos militares da Venezuela sobrevoam navio de guerra dos EUA no Caribe
Múcio comentou que o Brasil por precaução desistiu de exercícios militares com a presença dos Estados Unidos em razão do atual momento da relação entre os dois países.
“Nós temos consciência de que esse ambiente que estamos vivendo não vai ser para a vida toda. Isso vai passar. E quando passar nós vamos olhar para trás e ver que quem mais teve prudência se saiu melhor”, disse.
Múcio também comentou as tensões militares entre EUA e Venezuela. O ministro citou que o Brasil deslocou tropas para fronteira com a Venezuela, porém afirmou que era um movimento que previsto desde 2024 em um contexto prévio à COP 30 e à necessidade de reforçar a presença na área.
“Não fomos ajudar ninguém. Estamos preocupados com a nossa fronteira para que não transformem a nossa fronteira em uma trincheira. O Brasil é um país pacífico”, disse.
Múcio disse ainda que torce para que os atritos entre EUa e Venezuela passem.
“Isso é como briga de vizinho. Eu não quero que mexam no meu muro, não quero que tirem a fiação da frente da casa, que não mexam na minha casa. Torcemos para que passe”, disse.
Desfile de 7 de Setembro
Comandante do Exército, o general Tomás Paiva disse que 9,5 mil pessoas estarão envolvidas no desfile de 7 de Setembro deste ano.
“Tem tudo para ser um desfile bem tranquilo”, acrescentou.
Manifestações pró e contra a anistia de condenados pelo 8 de Janeiro estão convocadas em diferentes cidades do país, o que tem mobilizado forças de segurança, principalmente, nas capitais.