A Justiça de São Paulo pediu a prisão preventiva de Kauan Alison Alves dos Santos, de 20 anos, suspeito de atirar no pescoço do cabo da Polícia Militar (PM) Johannes Santana, durante uma abordagem realizada no dia 7 de agosto, em Paraisópolis, zona sul de São Paulo.
Segundo a juíza responsável pela decisão, Juliana Dias Almeida de Filippo, existe prova de materialidade e indícios que indicam a autoria do disparo contra o pescoço do PM. Além disso, há a previsão do suspeito ser punido com uma pena privativa de liberdade máxima superior a quatro anos.
Kauan está foragido desde o dia do crime. Ele tem passagens criminais por roubos desde a adolescência – são dois ato infracionais, registrados em 2022, um no ano de 2023 e uma passagem quando já adulto, em 2024.
Comparsa solto
No mesmo documento, a magistrada determinou a soltura de Gabriel Vieira dos Santos, suspeito que aparece no vídeo (veja abaixo) roubando a arma de Johannes Santana na ação.
A determinação veio junto com a negativa para a prisão preventiva de Gabriel, levando em conta o fato de o suspeito ser réu primário e ter bons antecedentes.
“Não se verifica, a princípio, qualquer comportamento do corréu Gabriel que justificasse a medida extrema da segregação cautelar”, explica a juíza. Ela ainda completa dizendo “que as medidas cautelares diversas da prisão se revelariam suficientes à hipótese”.
Mesmo solto, Gabriel deve cumprir duas medidas cautelares: comparecimento bimestral em juízo para justificar suas atividades e proibição de se ausentar da comarca por prazo superior ao de sete dias, sem autorização prévia do juízo.
Um eventual descumprimento das cautelares poderá resultar na decretação de prisão preventiva.
Prisão de Gabriel
- Gabriel Vieira dos Santos foi preso pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) dois dias após o crime.
- Com o detido, as autoridades também recuperaram a pistola usada pelo policial militar no momento em que foi baleado e uma lanterna.
- O suspeito foi encaminhado à sede do departamento.
PM baleado no pescoço
No dia 7 de agosto, o cabo da Polícia Militar (PM) Johannes Santana foi baleado no pescoço durante uma abordagem policial na favela de Paraisópolis.
Em imagens da câmera corporal do agente, é possível ver toda a dinâmica de perseguição do suspeito até a chegada do socorro para atender socorrer o policial. Ele fica cerca de três minutos em contato com o Copom.
Santana repete várias vezes que foi baleado, que teve a arma roubada e que está sangrando. É possível ver que em em alguns momentos ele pergunta aos moradores que testemunharam a ocorrência se foi atingido por uma pedra ou um tiro.
As imagens também revelam a dinâmica da perseguição que resultou no PM baleado. O agente, em uma moto, segue o suspeito até conseguir alcançá-lo em uma travessa da favela.
Durante a abordagem, populares que presenciavam a cena se aproximam e questionam a ação do PM dizendo para ele abaixar a arma. “Ae rapaziada cola ai, vamos ajudar o moleque”, diz uma das testemunhas. Enquanto isso, o suspeito resiste à abordagem policial.
Em um determinado momento, uma testemunha tenta puxar o suspeito e evitar a imobilização policial. Posteriormente, começa uma luta corporal em que o suspeito fica próximo à cabeça do agente, levanta a arma e atira à queima-roupa no pescoço do PM. Pelas imagens corporais, nota-se que o cabo Santana não percebe que o suspeito está armado.
Após o disparo, o policial cai ofegante no chão, e os vizinhos começam a gritar. Imediatamente, ele aciona o Copom e pede apoio, avisando que foi baleado e que teve a arma roubada pelos suspeitos. “Roubaram minha arma. Estou baleado.”
Após alguns segundos, o cabo Santana se levanta e chega a perguntar aos moradores da região se havia levado uma pedrada ou um tiro: “Foi tiro, moço. Foi tiro”. Posteriormente, ele volta a pedir socorro no Copom, dizendo que está perdendo os sentidos.
Ao fim do vídeo, o policial relata estar vendo uma sirene policial na região, mas que passou reto e não foi lhe socorrer. Depois de poucos minutos, chegaram viaturas da Rotam e a equipe o socorreu.
O PM foi hospitalizado, permaneceu internado por um dia. Depois de passar por uma tomografia que confirmou a asuência de problemas mais sérios em razão do disparo no pescoço, ele recebeu alta médica.