Com início marcado para a manhã desta terça-feira (2/9), o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já repercute internacionalmente. As sentenças de Bolsonaro, que cumpre prisão domiciliar desde o dia 4 de agosto, e dos outros sete réus apontados como membros do núcleo crucial da trama golpista, devem ser apontadas até o dia 12 de setembro.
Fora do Brasil, a imprensa tem se concentrado em realizar uma retrospectiva da situação atual de Bolsonaro e em relembrar as tentativas de interferência de Donald Trump no processo legal. Apesar disso, as atuações do ministro Alexandre de Moraes e do próprio STF também foram questionadas.
O julgamento
- Bolsonaro será julgado nesta terça, junto com Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin; Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha; Anderson Torres, ex-ministro da Justiça; general Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro e delator do caso; Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa; e Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil.
- Eles são acusados de pelo menos seis crimes pela Procuradoria- Geral da República (PGR), incluindo organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União.
- O início do julgamento de Bolsonaro deve acontecer com o presidente da Primeira Turma do STF, ministro Cristiano Zanin, abrindo a sessão que dá início ao processo do ex-presidente.
- Após a abertura, o ministro da Suprema Corte Alexandre de Moraes deve apresentar o “resumo do caso”.
- Depois da apresentação de Moraes, relator do processo, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, terá até duas horas para sustentar a acusação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que pede a condenação de Bolsonaro e de sete aliados.
- Em seguida, as defesas de Bolsonaro e dos outros indiciados devem iniciar os trabalhos. O julgamento começa na terça e deve se estender até o dia 12 de setembro.
O New York Times destacou que o Brasil está fazendo algo que os Estados Unidos não conseguiram: levar um ex-presidente a julgamento por tentar se manter no poder após perder uma eleição. Nesta segunda-feira (1°/9), o jornal se concentrou nas medidas de restrição de Bolsonaro, citando a preocupação das autoridades com uma possível tentativa de fuga do ex-presidente.
Entretanto, o NYT também levantou dúvidas sobre o papel do STF e o poder da Corte. “O juiz Moraes ordenou batidas policiais, censurou contas online, bloqueou redes sociais e, em alguns casos, prendeu pessoas sem julgamento”, diz o texto.
Na última semana, o julgamento de Bolsonaro também foi destaque principal da revista britânica The Economist, que avaliou o processo como uma “lição de democracia para os Estados Unidos”. A revista ainda classificou a tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023 como “esquisita e bárbara”.

No também britânico The Guardian, o destaque foi colocado sob a vigilância policial constante de Bolsonaro, por risco de fuga. O jornal francês Le Monde também destacou que Bolsonaro foi classificado como “risco de fuga” e passou a ser monitorado 24 horas por dia.
Já no The Washington Post, uma reportagem de título “No julgamento de Bolsonaro, o Brasil confronta Trump — e seu passado autoritário”, publicada nesta segunda, analisa como o julgamento de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) representa um momento histórico para o Brasil, sendo o primeiro caso em que um ex-presidente é processado por tentativa de subversão democrática.