O banqueiro e ex-presidente do Banco Central no primeiro e segundo governos de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Henrique Meirelles, criticou a proposta de reforma do Imposto de Renda (IR) que prevê aumento da tributação para pessoas de alta renda e empresas.
Ele afirmou, em entrevista à BBC Brasil, que a isenção para os contribuintes de menor renda é positiva, mas manifestou preocupação com os aumentos generalizados para os mais ricos. Meirelles também foi ministro da Fazenda no governo de Michel Temer (MDB), entre 2016 e 2018.
Segundo ele, essa tributação pode prejudicar a competitividade do país no cenário internacional, considerando que o Brasil já possui uma das maiores cargas tributárias entre as economias emergentes.
Para Meirelles, o país não pode ampliar ainda mais a tributação sobre a classe alta ou empresas em um momento de forte concorrência global. Ele ressaltou que, em comparação, países europeus que aplicam impostos elevados não são grandes competidores no comércio internacional. “São países já ricos, de renda muito alta, que taxam muito e oferecem muitas vantagens para os seus habitantes. (…) Os maiores competidores no comércio internacional hoje, além dos Estados Unidos, são a China, o Vietnã, etc.”, avalia.
Mais tributos desestimula investimentos, afirma Henrique Meirelles
Projeto em pauta busca taxar super-ricos e é uma obsessão do presidente Lula, mas enfrenta resistência de setores que veem risco ao investimento estrangeiro e à competitividade nacional.
Para Meirelles, que em 2018, quando concorreu à Presidência, pelo MDB, declarou patrimônio líquido de R$ 377 milhões, aumentar impostos em um país que já tributa pesado pode desestimular investidores e impactar o desenvolvimento econômico.
A iniciativa do governo petista isentaria de pagamento do IR quem ganha até R$ 5 mil e a compensação no orçamento da União seria feita com aumento da carga tributária de quem recebe mais de R$ 1,2 milhão por ano.