O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (10) que o presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, está fazendo um “bom trabalho” à frente da instituição. A defesa ocorre após a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, criticar Galípolo pela manutenção da Selic em 15% ao ano.
A taxa básica de juros está no maior nível desde julho de 2006, quando chegou a 15,25% ao ano. Haddad disse ter uma “proximidade muito grande” com Galípolo, que foi seu braço direito no Ministério da Fazenda antes de assumir o comando do BC.
“Acredito que ele está fazendo um bom trabalho no BC, do ponto de vista de uma série de procedimentos que estão sendo adotados pelo BC para coibir uma série de abusos do sistema financeiro, que na verdade, ele herdou. Eu falo especificamente da regulação de fintechs que está sendo feita pelo BC, a mudança de crédito imobiliário”, afirmou o ministro em entrevista à CNN Brasil nesta tarde.
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Depois da decisão do Copom, Gleisi disse que o presidente do BC “deixou a desejar” por, segundo ela, não considerar os indicadores econômicos do país na decisão.
“Você tem o Brasil crescendo, você está com geração de emprego, você tem inflação sob controle. Ela não está no centro da meta, mas a meta de 3% também é bem apertada. Então você já tem uma inflação que está mostrando que vai cair para baixo da banda superior”, declarou a ministra em entrevista ao Estadão/Broadcast na última sexta-feira (7).
“Para que continuar com uma política monetária tão restritiva? Isso tem impacto na nossa indústria, no crédito, no crescimento do País. Para que isso? Eu acho que deixou a desejar, entendeu? O Galípolo. Deixou a desejar. É isso, nesse quesito, de não considerar os indicadores econômicos”, acrescentou Gleisi.
Para Haddad, o “BC é mais do que a Selic, envolve muitas outras coisas”. Na semana passada, ele chegou a dizer que se fosse presidente do BC votaria pela redução dos juros e reiterou seu posicionamento. “Todo mundo conhece a minha opinião [sobre a taxa de juros]”, disse. O ministro considera que há margem para cortes.
“Essa opinião também é avalizada pelos bancos que se reuniram comigo hoje pela manhã, de que a taxa de juros tem espaço para corte. E não é uma questão pessoal, é uma questão institucional. As pessoas manifestam suas opiniões, o mercado manifesta suas opiniões, o setor produtivo, a classe política, analistas, mas quem decide é o BC”, afirmou.
Haddad se reuniu com representantes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) nesta segunda. No mês passado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou a queda da Selic e prometeu uma “política monetária mais séria”.
“E aí, Haddad, cai nas nossas costas, porque o Banco Central vai precisar começar a baixar o juro, porque todo mundo sabe o que nós herdamos e todo mundo sabe que nós estamos preparando este país para ter uma política monetária mais séria”, disse o chefe do Executivo durante evento no Planalto.












