O ministro Fernando Haddad (PT), da Fazenda, chamou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de “o mais subserviente da história do Brasil” e afirmou que, diferente do governo passado, o atual está preparando um diálogo entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump para se tentar chegar a um acordo sobre o tarifaço de 50% que entra em vigor na sexta (1º).
De acordo com ele, a preparação ocorre para evitar uma conversa hostil entre os dois presidentes, e que a estratégia adotada até o momento é de uma soberania diferente da exercida por Bolsonaro.
“Esse açodamento, às vezes eu vejo pressão da oposição de ‘sai correndo atrás’… O [ex-presidente Jair] Bolsonaro tinha um comportamento muito subserviente, e isso não está à altura do Brasil. Ele foi o presidente mais subserviente da história do Brasil”, disparou a jornalistas mais cedo, ao chegar no ministério.
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Haddad afirmou que tanto a equipe do vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin (PSB) como a do chanceler Mauro Viera (Relações Exteriores) e de senadores brasileiros em Washington estão fazendo uma “preparação protocolar” para azeitar o diálogo entre Lula e Trump.
“Quando dois chefes de Estado vão conversar, tem uma preparação antes para que não seja uma coisa que subordine um país ao outro. De dois países soberanos, não é uma coisa que sai correndo atrás. A gente tem que entender que o Brasil é um país grande, isso não é arrogância nenhuma. A gente se dá bem com todo mundo”, afirmou.
Haddad afirmou, ainda, que não está preocupado com a data marcada para a entrada em vigor do tarifaço dos Estados Unidos, e que a medida não é exatamente apenas contra o Brasil. Ele também pontuou a história de mais de 200 anos de diplomacia entre os dois países.
Ele e Alckmin apresentaram a Lula na segunda (28) um plano de contingência para ajudar as empresas brasileiras que venham a ser afetadas pela taxação, mas que os termos de como ocorrerá ainda precisam ser decididos pelo presidente.
“São vários cenários que foram apresentados [a Lula]. […] Estamos confiantes que preparamos um trabalho que vai permitir ao Brasil superar esse momento que não foi criado por nós. Quem vai decidir a escala, o montante, a oportunidade, a conveniência e a data é o presidente”, pontuou.
O próprio presidente Lula amenizou o tom das críticas nesta segunda (28) e se mostrou aberto ao diálogo com Trump, dizendo esperar que o presidente norte-americano “reflita a importância do Brasil e resolva fazer aquilo que no mundo civilizado a gente faz”.
“Tem divergência? Senta numa mesa, coloca a divergência do lado e vamos tentar resolver. E não de forma abrupta, individual, tomar a decisão de que vai multar, taxar o Brasil em 50%”, completou.