domingo , 2 novembro 2025
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Governo relata a Trump “indignação” com tarifaço e se diz aberto ao diálogo

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) relatou oficialmente ao presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, uma “indignação” pelo tarifaço de 50% imposto por ele na semana passada a partir do dia 1º de agosto. A manifestação foi enviada na terça (15) ao Secretário de Comercio dos EUA Howard Lutnick e ao Representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer.

O envio da carta havia sido citado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e confirmado nesta quarta (16) através de uma nota do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), do qual ele é titular, junto do ministro Mauro Vieira, das Relações Exteriores.

“O Governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio. […] A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países”, disse a carta em referência aos 200 anos de relacionamento bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos (veja na íntegra mais abaixo).

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Alckmin e Vieira afirmam, ainda, que o governo brasileiro está aberto ao diálogo para “negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral”.

Na carta assinada com Vieira, Alckmin afirma que o governo vem tentando dialogar “de boa-fé” com as autoridades norte-americanas desde o primeiro tarifaço de Trump, em abril, quando impôs taxas recíprocas sobre vários países. Na época, o Brasil teve o aço e o alumínio sobretaxados.

Os dois ministros ainda pontuam que os Estados Unidos operam com um superávit de US$ 410 bilhões na balança comercial nos últimos 15 anos e que o Brasil buscou, em diversas ocasiões, que o país norte-americano identificasse áreas específicas de preocupação.

“Com esse mesmo espírito, o Governo brasileiro apresentou, em 16 de maio de 2025, minuta confidencial de proposta contendo áreas de negociação nas quais poderíamos explorar mais a fundo soluções mutuamente acordadas. O Governo brasileiro ainda aguarda a resposta dos EUA à sua proposta”, pontuou.

Alckmin e Vieira afirmam que o Brasil está aberto ao diálogo com as autoridades norte-americanas para “negociar uma solução mutuamente aceitável” sobre a relação comercial entre os dois países.

“Com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral”, completou.

O tarifaço de Trump ganhou mais um ingrediente nesta terça (15) com o anúncio de uma investigação do Brasil por práticas consideradas “irrazoáveis ou discriminatórias que oneram ou restringem o comércio dos Estados Unidos”. Entre elas estão apurações sobre pirataria e meios digitais de pagamento, como o PIX.

Veja abaixo a íntegra da carta enviada pelo governo brasileiro aos Estados Unidos:

No contexto do anúncio por parte do Governo norte-americano da imposição de tarifas contra exportações de produtos brasileiros para os EUA, o Vice-Presidente e Ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, e o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, enviaram ontem, dia 15 de julho, carta ao Secretário de Comercio dos EUA Howard Lutnick e ao Representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, nos seguintes termos:

1. O Governo brasileiro manifesta sua indignação com o anúncio, feito em 9 de julho, da imposição de tarifas de importação de 50% sobre todos os produtos exportados pelo Brasil para os Estados Unidos, a partir de 1° de agosto. A imposição das tarifas terá impacto muito negativo em setores importantes de ambas as economias, colocando em risco uma parceria econômica historicamente forte e profunda entre nossos países. Nos dois séculos de relacionamento bilateral entre o Brasil e os Estados Unidos, o comércio provou ser um dos alicerces mais importantes da cooperação e da prosperidade entre as duas maiores economias das Américas.

2 . Desde antes do anúncio das tarifas recíprocas em 2 de abril de 2025, e de maneira contínua desde então, o Brasil tem dialogado de boa-fé com as autoridades norte-americanas em busca de alternativas para aprimorar o comércio bilateral, apesar de o Brasil acumular com os Estados Unidos grandes déficits comerciais tanto em bens quanto em serviços, que montam, nos últimos 15 anos, a quase US$ 410 bilhões, segundo dados do governo dos Estados Unidos. Para fazer avançar essas negociações, o Brasil solicitou, em diversas ocasiões, que os EUA identificassem áreas específicas de preocupação para o governo norte-americano.

3. Com esse mesmo espírito, o Governo brasileiro apresentou, em 16 de maio de 2025, minuta confidencial de proposta contendo áreas de negociação nas quais poderíamos explorar mais a fundo soluções mutuamente acordadas.

4. O Governo brasileiro ainda aguarda a resposta dos EUA à sua proposta.

5. Com base nessas considerações e à luz da urgência do tema, o Governo do Brasil reitera seu interesse em receber comentários do governo dos EUA sobre a proposta brasileira. O Brasil permanece pronto para dialogar com as autoridades americanas e negociar uma solução mutuamente aceitável sobre os aspectos comerciais da agenda bilateral, com o objetivo de preservar e aprofundar o relacionamento histórico entre os dois países e mitigar os impactos negativos da elevação de tarifas em nosso comércio bilateral.

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