quinta-feira , 24 julho 2025
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Governistas querem CPI para investigar operações suspeitas com dólares no dia do anúncio do tarifaço de Trump

Deputados da base do governo articulam a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para investigar suspeitas de operações financeiras com uso de informação privilegiada antes do anúncio, no último dia 9, das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil.
A movimentação política ocorre após o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinar, a pedido da Advocacia-Geral da União (AGU), a abertura de inquérito para apurar o caso.
Segundo o órgão, há indícios de que grandes volumes de dólar foram comprados horas antes da publicação da carta oficial do ex-presidente Donald Trump, que anunciou a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
Movimento estranho de compra e venda de dólar, no dia do tarifaço de Trump, levanta suspeita
De acordo com a petição da AGU, entre as 13h30 e as 16h20 daquele dia, foram comprados entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões a R$ 5,46, com posterior venda a R$ 5,60 – operação que teria gerado lucro de até 50% em menos de três horas, algo incomum no mercado cambial.
Para investigadores e gestores, a movimentação sugere que o operador tinha conhecimento prévio da decisão do governo norte-americano e da reação imediata do mercado.
“Não é o padrão normal das transações com o real naquele dia. Pode ter sido qualquer um que sabia desde o começo”, afirmou ao Jornal Nacional o gestor Spencer Hakimian, da Tolou Capital Management, em Nova York.
O deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), líder da bancada do partido na Câmara, afirmou que o episódio “acende um grave alerta sobre a existência de uma aliança internacional de ataque à soberania do Brasil — com motivação política, finalidade golpista e ganhos financeiros escusos”.
Segundo Lindbergh, a atuação de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro no exterior, como o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o empresário Paulo Figueiredo, que defenderam publicamente as sanções contra o Brasil em interlocuções com integrantes do governo Trump, agrava as suspeitas. “Agiram como lobistas contra a própria pátria”, declarou.
A CPMI, segundo o parlamentar, teria como objetivo apurar a origem das transações, identificar eventuais crimes financeiros e investigar se há vínculos entre operadores de mercado e agentes políticos ligados à oposição.
“O Congresso não pode se omitir diante da possibilidade de que crimes de guerra híbrida, manipulação financeira e conspiração contra a economia brasileira estejam sendo cometidos”, afirmou.
A proposta deve ser formalizada no retorno do recesso parlamentar. Para a instalação de uma CPMI, são necessárias assinaturas de ao menos 171 deputados e 27 senadores.

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