Uma recém-nascida está internada em estado grave após complicações no parto realizado no Hospital Regional de Samambaia (HRSam), na última quarta-feira (17/7). A família acusa a equipe médica do hospital público de negligência por não realizar cesariana em tempo hábil, mesmo após sinais de sofrimento fetal.
De acordo com o pai da bebê, a gestação foi tranquila e todos os exames, vacinas e etapas do pré-natal foram realizados conforme orientação médica.
A mãe estava com 40 semanas e 3 dias de gestação, e começou a sentir contrações regulares na manhã do dia 16/7, mas só deu entrada no hospital por volta de meia-noite do dia 17/7.
No primeiro atendimento, a paciente apresentava 3 cm de dilatação, e foi orientada a caminhar como meio para acelerar o processo. Após duas horas, a dilatação evoluiu para 4 cm e a gestante foi internada.
O casal foi levado para o leito de parto, mas, por não ter dilatado mais, foi transferido para um quarto de espera.
Segundo o relato, a partir do momento em que foram transferidos, a mulher gritou de dor por horas, sem atendimento adequado. “Fui até os enfermeiros, e a resposta foi que aquilo era normal, que só nos restava esperar”, disse o pai.
Após novas avaliações, a gestante retornou ao leito de parto. Foi constatado que a bebê estava mal posicionada e que alguns exercícios poderiam auxiliar no reposicionamento. Em seguida, a bolsa rompeu. Segundo o pai, levou cerca de uma hora até que algum profissional fosse verificar a dilatação novamente.
A equipe insistiu no parto normal por cerca de 40 minutos: “Aparecia a cabeça da bebê, mas ela não saía por completo”, relata o progenitor. Somente após esse período, a médica plantonista decidiu aplicar soro para aumentar as contrações.
Sem oxigenação
Sem avanços, um novo profissional sugeriu o uso de uma banqueta que poderia auxiliar, mas também não surtiu resultados. Nesse momento, a família foi informada de que a bebê corria risco de vida por estar sem oxigenação havia muito tempo.
“Ainda assim, não partiram imediatamente para a cesariana. Deixaram minha mulher e minha filha sofrendo por cerca de 20 minutos”, disse o pai.
A bebê nasceu desacordada e precisou ser reanimada e imediatamente intubada. Foi transferida às pressas para o setor de pediatria e, depois, para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Anchieta.
Segundo a família, ela sofreu asfixia, teve falta de oxigenação cerebral e apresenta convulsões. Até a mais recente atualização dessa reportagem, a ventilação mecânica da criança foram diminuídas. “Estado dela ainda é grave, mas já temos um avanço”, concluiu o pai.
A família registrou boletim de ocorrência contra a equipe do HRSam e aguarda respostas sobre a conduta dos profissionais envolvidos no parto.
A reportagem tentou contato com a Secretaria de Saúde, mas até a última atualização, não obteve sucesso.