quinta-feira , 7 agosto 2025
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Empresas do rombo na Faria Lima devem R$ 3,9 bilhões a fornecedores

As empresas cujos papéis derreteram e deixaram um prejuízo bilionário a investidores do mercado financeiro acumulam, hoje, R$ 3,9 bilhões em dívidas com bancos e fornecedores.

Como mostrou o Metrópoles, duas empresas de energia elétrica eólica naufragaram e fizeram derreter R$ 1,6 bilhão em papéis de fundos de investimentos estruturados pelo banco Credit Suisse, hoje incorporado ao UBS.

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Bancos Credit Suisse e UBS. Fundos estruturados provocaram prejuízo de R$ 1,6 bilhão

Arnd Wiegmann/Getty Images

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Demonstrações financeiras da 2W Ecobank revelaram a investidores bônus milionários da empresa ao Credit Suisse para estruturar fundo cujas debêntures o próprio banco vendeu

Reprodução/CVM

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Material de divulgação do Fundo Wave tem discreta menção a procedimento da Receita contra antiga empresa de Delneri

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Operação da Polícia Federal mirou supostos desvios na Cemig em aporte na Renova, empresa que tinha Delneri como sócio. Propina foi combinada em avião, segundo delatores

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Ricardo Delneri é sócio da 2W Energia, que entrou em recuperação judicial. Ele teve mansão bloqueada

Reprodução

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Condomínio Fazenda Boa Vista, onde o empresário Ricardo Delneri tem mansão

Reprodução

Os papéis eram destinados a investidores profissionais e clientes de alta renda. Há casos em que um único investidor perdeu R$ 2 milhões. Investidores entraram em guerra com o banco e com controladores das empresas investidas.

O ponto é que o banco recebeu quase R$ 50 milhões em bônus para estruturar os fundos para as empresas enquanto também vendeu os papéis a seus correntistas. Investidores afirmam que houve conflito de interesses e que essa relação, além das fragilidades das empresas, não foram suficientemente expostas quando os papéis foram vendidos.

Uma das empresas é a 2W Energia, que representa o único investimento do fundo Wave. Ela pediu recuperação judicial com R$ 2,4 bilhões em dívidas. A empresa afirma que um dos pilares de sua crise se deu após uma empreiteira contratada pedir recuperação judicial e deixar de prestar serviços.

A recuperação judicial foi aberta e está na Justiça de São Paulo. O pedido é de abril deste ano. Um fundo de investimentos se manifestou contra o pedido, disse que a empresa tem cometido fraudes e pediu investigação de crime falimentar.

Já a Rio Alto Energia Renovável, que deu lastro ao fundo Solar, entrou em recuperação extrajudicial em maio com dívidas de R$ 1,5 bilhão.

Em seu pedido de recuperação à Justiça, a empresa afirmou ter sido impactada pela redução forçada de geração de energia elétrica ordenada pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que ocorre quando há excesso de energia que não pode ser absorvida pelo mercado.

Entre outros fatores da crise da empresa, havia uma briga societária que se arrastou para dentro da recuperação extrajudicial.

Um de seus fundadores é Sérgio Reinas, que foi alvo da Operação Lava Jato no Rio de Janeiro por supostamente auxiliar doleiros do esquema de corrupção do ex-governador Sérgio Cabral (MDB).

Após a operação policial, ele afirma ter sofrido um golpe ao ser retirado dos quadros da empresa. Cita até que assinou documentos enquanto estava em tratamento psicológico em razão do trauma provocado pelo período em que ficou na cadeia.

Um bloqueio da Justiça criminal sobre Reinas chegou a recair sobre a empresa. A situação assustou investidores de uma empresa dinamarquesa que investiu em um projeto de parques eólicos ao lado da Rio Alto.

A multinacional já acusava o descumprimento de garantias por parte da Rio Alto. Quando o bloqueio recaiu sobre a empresa em razão de uma operação policial, o negócio derreteu de vez e uma briga envolvendo R$ 680 milhões foi parar na Justiça. A empresa dinamarquesa é credora de R$ 70 milhões da Rio Alto.

Tanto no processo da 2W quanto no da Rio Alto, a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) abriu ofensiva contra as empresas. No caso da 2W, há uma briga em torno da possível exclusão da empresa de seus quadros, o que a impediria de atuar nesse mercado.

O que dizem os citados

A defesa de Ricardo Delneri afirmou que a execução que levou ao bloqueio de um de seus imóveis é “nula porque é lastreada em título inexigível, visto que se venceria somente em Nov/25 e Nov/29, tendo sido o seu vencimento antecipado em violação à ordem judicial anterior que proibia a sua realização, bem como por meio de uma suposta assembleia de debenturistas maculada, dentre outros, com vício de convocação e vício de voto”.

“Por outro lado, não existe movimento de blindagem patrimonial. À época dos fatos, Ricardo detinha mais de 65% das ações de emissão da 2W Ecobank, que estava avaliada em mais de R$ 1,5 bilhão. A emissão das debêntures, por sua vez, foi garantida pelas referidas ações e por outras garantias fiduciárias, que ostentavam valor mais que suficiente para assegurar o cumprimento das obrigações. Além disso, os recursos captados com as debêntures foram integralmente aplicados na implantação dos parques eólicos da 2W Ecobank, que estão em operação e que igualmente assegura o cumprimento das obrigações”, afirma a defesa.

Segundo os advogados de Delneri, “a movimentação patrimonial realizada por Ricardo, antes da ilegal declaração de vencimento antecipado dos títulos, foi absolutamente lícita e regular”. Sobre a denúncia oferecida contra Delneri após a operação da PF, a defesa afirma que “tais fatos datam de 2014, tramitam em segredo de Justiça e até o presente momento Ricardo não foi sequer citado. De toda forma, se e quando for citado, comprovará a sua inocência”.

O banco UBS, que incorporou o Credit Suisse, afirmou que não vai se manifestar. A defesa de Sergio Reinas não foi localizada. O espaço segue aberto para manifestação.

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