quarta-feira , 23 julho 2025
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Empresa alvo da PF no Amapá recebeu R$ 10 bi do governo federal

A empresa LCM Construção e Comércio, investigada pela Polícia Federal (PF) por irregularidades em licitações no Departamento Nacional de Transporte e Infraestrutura (Dnit) do Amapá, já recebeu cerca de R$ 10,8 bilhões do governo federal.

Os repasses vêm de uma série de contratos firmados entre a empresa e as superintendência do Dnit de diversos estados do Brasil.

Segundo dados do Portal da Transparência, a empresa tem contratos com a administração federal que somam mais de R$ 23 bilhões.

A série de contratações entre a empreiteira e o governo vem desde 2014, quando a empresa foi criada, até o final de 2024. De lá para cá, o ano com o maior montante contratado foi 2023, no primeiro ano do Lula 3, com cerca de R$ 10 bilhões.

Ao longo do governo anterior, sob Jair Bolsonaro (PL), a empresa fechou contratos no valor total de R$ 6,9 bilhões.

Um dos mais recentes, de dezembro de 2024, foi para a execução de serviços de manutenção rodoviária na BR-235, na Bahia.

Em outro, de outubro do mesmo ano, o contrato visava a execução de serviços emergenciais na BR-470, em Passo Fundo, o Rio Grande do Sul.

Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit)

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O presidente da LCM é Luiz Otávio Fontes Junqueira, que foi alvo da operação da PF na manhã de terça-feira (22/7).

Segundo a decisão da Justiça Federal que autorizou as ações da PF, Junqueira teria “se beneficiado do direcionamento de licitações”, operando um suposto esquema de “lavagem de dinheiro por meio de saques fracionados e realizados por interpostas pessoas”.

O montante desses saques, diz a apuração, seria de R$ 680 mil.

Foi na casa de Junqueira, durante uma busca e apreensão em Nova Lima (MG), que a PF apreendeu três carros da marca Porsche.

A empresa tem ganhado destaque nos últimos anos pelas quantias volumosas que recebe do governo federal. Como mostrou a coluna, ela também já embolsou cerca de R$ 418 milhões em emendas parlamentares, dos quais cerca de R$ 71 milhões foram do “orçamento secreto”.

Criada em 2014, a empresa cresceu depois de a operação Lava Jato quebrar grandes empreiteiras brasileiras envolvidas em corrupção com o governo. A partir de então, a LCM passou a fechar contratos milionários com a administração pública.

De 2014 até 2018, por exemplo, foram cerca de R$ 3,1 bilhões fechados.

As contratações abrangem quase a totalidade de estados brasileiros, em todas as regiões. Ficam de fora apenas as superintendências do Dnit em São Paulo e Goiás.

No Amapá, estado que é epicentro da nova investigação da PF, são 5 contratos diferentes firmados entre 2021 e 2024. O valor total deles é de cerca de R$ 192 milhões.

Operação Route 156

Na operação Route 156, a PF apura supostas irregularidades em obras na BR 156. Os agentes investigam um esquema criminoso de direcionamento de licitações e desvio em contratos de manutenção e recuperação da rodovia, localizada no Amapá.

Segundo a PF, a investigação indica a “existência de uma organização criminosa estruturada no âmbito da Superintendência Regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes no Amapá (DNIT/AP), que teria fraudado o caráter competitivo de pelo menos quatro pregões eletrônicos”.

O valor total das licitações sob suspeita é de R$ 60 milhões.

Um dos alvos, como mostrou a coluna, foi o superintendente do Dnit no Amapá, Marcello Linhares. Ele foi afastado do cargo, por determinação judicial, por 10 dias.

O suplente do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, também entrou na mira da PF. O empresário Breno Chaves Pinto é suspeito de se valer da influência de Alcolumbre,e de sua condição de suplente, para liberar verbas.

Defesa

Em resposta à coluna, a LCM nega qualquer irregularidade nos procedimentos licitatórios que participou perante a Superintendência do Dnit do Amapá, bem como na execução dos contratos firmados com a referida autarquia.

“A empresa e seu diretor estão à inteira disposição das autoridades, confiando que os fatos sob investigação serão prontamente esclarecidos”, afirmou.

Em nota, a assessoria de comunicação de Alcolumbre afirmou que o senador não possui qualquer relação com as empresas citadas na operação desta terça-feira (22), nem com a atuação empresarial do seu segundo suplente.

“Alcolumbre reitera seu respeito às instituições e entende que todos os envolvidos devem prestar os devidos esclarecimentos à Justiça, respeitado o devido processo legal”, diz a nota.

Já o Dnit, também em nota, afirma o órgão colabora com a investigação, visando a completa elucidação dos fatos e diz repudiar “qualquer prática fraudulenta ou ato de corrupção e conta com uma Política Antifraude e Anticorrupção que, entre outros aspectos, deixa clara essa premissa”.

“As instâncias de integridade da autarquia também estão apurando os fatos a fim de adotar as medidas administrativas que forem necessárias […] O DNIT está em permanente contato com os órgãos de controle e reafirma que pauta sua atuação dentro da legalidade e lisura, respeitando todos os princípios éticos da administração pública”, diz trecho da manifestação.

A coluna entrou em contato com Luiz Junqueira, mas não obteve retorno.

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