Luiz Eduardo Baptista e Leila Pereira estiveram juntos na sede da Conmebol no mês passado, em um encontro entre os representantes dos clubes semifinalistas da Copa Libertadores. A reunião, realizada em Luque, no Paraguai, foi marcada por troca de provocações e gestos de desdém entre o presidente do Flamengo e a presidente do Palmeiras.
Durante um almoço, Bap, como é conhecido Baptista, cumprimentou todos os presentes, exceto Leila, virando-lhe as costas enquanto conversava com membros da confederação. Em resposta, a dirigente alviverde, durante a fala do cartola rubro-negro, mexia no celular para demonstrar desinteresse.
O episódio simboliza o atual estado da relação entre os líderes dos dois clubes mais dominantes do futebol brasileiro. A tensão entre Flamengo e Palmeiras cresce em todas as frentes — nas arquibancadas, nas diretorias e até nas disputas judiciais e comerciais.
O atrito se intensificou com o avanço da temporada. Além de duelarem ponto a ponto pelo título do Campeonato Brasileiro, as equipes se enfrentarão na final da Libertadores, no dia 29 de novembro, em Lima, no Peru.
Outro foco de conflito é a divisão dos direitos de transmissão do Brasileirão dentro da Libra, bloco que une clubes como Flamengo, Palmeiras e outros grandes. A principal divergência está nos critérios de distribuição da fatia referente à audiência, de 30% do valor total.
O impasse levou o Flamengo a conseguir na Justiça uma liminar que bloqueou R$ 77 milhões destinados à liga. O gesto acirrou ainda mais os ânimos. Leila Pereira reagiu com ironia, cunhando o termo “terraflanismo” e dizendo que “o Flamengo deveria jogar sozinho”.
Bap respondeu no mesmo tom, afirmando que “a relação com Leila é ótima quando você concorda com tudo o que ela quer”. Em uma reunião interna do Flamengo, chegou a insinuar que a presidente do Palmeiras teria “agenda clara” para comprar o Vasco, já que sua empresa, a Crefisa, emprestou R$ 80 milhões ao clube carioca.
Leila rebateu as insinuações com sarcasmo: “Eu não estou comprando o Vasco nem a Netflix”, disse, lembrando a frase famosa de Bap quando, à frente da Sky, minimizou o sucesso da plataforma de streaming. O dirigente, por sua vez, classificou as declarações da rival como “conversa rasa até para crianças da quinta série”.
O clima hostil também se refletiu dentro de campo. No último confronto entre as equipes, vencido pelo Flamengo por 3 a 2 no Maracanã, houve entradas duras, discussões e queixas à arbitragem. Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, se exaltou, e Filipe Luís, técnico rubro-negro, respondeu criticando o rival por ter se beneficiado de erros em jogos anteriores.
A rivalidade entre as torcidas completa o cenário de tensão. Mancha Verde e Força Jovem, aliadas históricas, se contrapõem à união entre Torcida Jovem do Flamengo e Independente, do São Paulo.
Além das arquibancadas, o confronto se estende às redes sociais, onde jornalistas e influenciadores de ambos os lados alimentam o embate com provocações públicas.
Flamengo e Palmeiras já decidiram títulos nacionais e continentais, mas a animosidade entre os clubes e seus dirigentes nunca esteve tão explícita. Às vésperas de mais uma final, a disputa entre Bap e Leila parece tão intensa quanto o jogo que decidirá quem reina no continente.












