O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu nesta quarta-feira (30) interromper o ciclo de 10 meses de alta e manteve a taxa básica de juros em 15% ao ano. A Selic está no maior nível desde julho de 2006, quando chegou a 15,25% ao ano. A decisão foi tomada por unanimidade.
Em nota, o Copom antecipou que pretende manter a “interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado” e avaliar, posteriormente, se a “manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta”.
O cômite afirma que “acompanha com particular atenção” o tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil, “reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza”. Outro ponto de atenção para o Banco Central é o impacto da política fiscal na política monetária e nos ativos financeiros.
VEJA TAMBÉM:
- Lula convoca ministros para reunião de emergência e diz que “é dia sagrado da soberania”
“O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado”, destacou o colegiado.
Analistas do mercado estimam que o patamar será mantido até o fim de 2025, segundo o boletim Focus desta semana. A expectativa é que a redução do aperto tenha início em 2026. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, registrou um aumento de 0,24% nos preços em junho. Nos últimos 12 meses, o IPCA acumulou 5,35%.
Na semana passada, o IPCA-15, a prévia da inflação, mostrou que os preços subiram 0,33% em julho. O avanço foi motivado, principalmente, pela alta na conta de luz. O teto da meta contínua estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) é de 3% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Com isso, o limite inferior é 1,5% e o superior é 4,5%. Neste modelo, a meta é apurada mês a mês, considerando a inflação acumulada em 12 meses.