quarta-feira , 24 setembro 2025
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como funciona, quais os benefícios e riscos

O cenário econômico atual é de incerteza no Brasil. Existe o temor de que a crise econômica possa se intensificar. Neste contexto, alguns brasileiros buscam formas de proteger seus ativos. Uma das opções que tem ganhado destaque é a dolarização do patrimônio, que consiste na “internacionalização de bens e investimentos”.

Para especialistas ouvidos, a medida é como um refúgio para preservar o poder de compra e buscar estabilidade em economias mais sólidas.

“A pergunta de como melhor dolarizar vale um milhão de dólares, porque ninguém tem uma fórmula perfeita, existem apenas diversas opções”, afirma o economista especializado em câmbio, Reginaldo Galhardo.

Como funciona a dolarização?

O processo, que algumas vezes pode ser viabilizado por uma holding familiar, começa com a abertura de uma conta no exterior. Instituições financeiras em países com economias estáveis e forte reputação internacional – EUA e Europa, por exemplo – são as opções mais comuns. Alguns investidores preferem os paraísos fiscais em busca de benefícios tributários.

Para enviar o dinheiro, é preciso realizar um fechamento de câmbio em uma instituição financeira autorizada pelo Banco Central do Brasil (BC). O valor remetido deve ser destinado a uma conta no exterior de titularidade do próprio investidor.

É crucial, no entanto, que os fundos tenham origem comprovada e lícita, pois as operações financeiras no exterior estão sujeitas a rigorosos controles de compliance e combate à lavagem de dinheiro, semelhantes aos aplicados no Brasil.

Benefícios e riscos da dolarização

O principal benefício da dolarização é a preservação do valor do capital. Enquanto o real está sujeito a desvalorizações e perda de poder de compra, um ativo em dólares, por exemplo, tende a manter seu valor original em moeda estrangeira.

Essa proteção contra a inflação e a volatilidade da moeda brasileira atrai investidores que desejam garantir a liquidez e segurança de seus ativos no longo prazo.

No entanto, a dolarização também envolve riscos, como:

  • Custos de remessa: As operações de câmbio têm incidência de IOF, atualmente com alíquota de 1,1%;
  • Volatilidade cambial: A variação do câmbio pode afetar o capital tanto na remessa quanto em um eventual retorno dos valores para o Brasil;
  • Riscos de investimento: A desvalorização de ativos, como ações, por mau desempenho ou riscos políticos e fiscais no país onde o investimento foi feito.
Dolarizar o patrimônio é uma forma de garantir a segurança das suas finanças. (Foto: Unsplash)

Para mitigar esses riscos, muitos investidores preferem títulos soberanos, como os do governo americano, por oferecerem maior estabilidade. A recomendação geral de diversificação de portfólio, com a alocação em diferentes classes de ativos – como renda fixa, ouro e ações –, também se aplica aos investimentos internacionais.

Tributação e declaração

A dolarização não isenta o investidor das obrigações fiscais no Brasil, alertam os economistas. O patrimônio no exterior pode ser alvo de novos tributos, e os rendimentos obtidos são tributados.

Atualmente, os ganhos com investimentos no exterior estão sujeitos a uma alíquota de 15% de Imposto de Renda. Além disso, é obrigatório declarar todos os investimentos e bens no exterior na Declaração Anual de Imposto de Renda, na ficha de “Bens e Direitos”.

Os rendimentos devem ser informados na ficha “Rendimentos Tributáveis Recebidos do Exterior”.

Para valores iguais ou superiores a US$ 1 milhão, ou equivalente em outras moedas, também é necessário enviar a Declaração Anual de Capitais Brasileiros no Exterior (CBE). A falta de veracidade ou omissão de informações pode resultar em multas pesadas.

Assim, a dolarização do patrimônio é uma estratégia que exige conhecimento e planejamento financeiro. É uma opção para quem busca proteção financeira à longo prazo contra as incertezas da economia nacional.

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