Mesmo com o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos e a ocorrência de gripe aviária em uma granja comercial do Rio Grande do Sul, o agronegócio brasileiro deve encerrar o ano de 2025 com recorde histórico de exportações.
Entre janeiro e novembro deste ano, o setor registrou US$ 155,3 bilhões em vendas internacionais, 1,7% a mais do que nos mesmos meses de 2024 US$ 152,6 bilhões) e 1,4% a mais do que o valor máximo anterior, registrado em 2023 (US$ 137,8 bilhões).
Comparado a dez anos atrás, quando o agro brasileiro somou US$ 81,3 bilhões em exportações nos primeiros 11 meses do ano, o crescimento é de 90,9%. Os dados são dos ministérios da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).
VEJA TAMBÉM:
Tilápia é “invasora”, mas pode importar: política de Lula prejudica produtores brasileiros
Exportação de soja cresce em volume, mas cai em valor
Produtos do complexo soja (grão, óleo e resíduos sólidos), que lideram as exportações do agro nacional, avançaram 6,8% em volume, alcançando 127,4 milhões de toneladas até novembro, na comparação com o mesmo período de 2024. O valor, no entanto, recuou 2,9%, ficando em US$ 50,6 bilhões, em razão da queda nos preços.
Nas duas primeiras semanas de dezembro, no entanto, a média diária de exportações do grão da oleaginosa já aumentou 83,11% em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo o MDIC.
Exportação de carnes cresce 19,7%
Entre as carnes, o valor total exportado entre janeiro e novembro de 2025 (US$ 28,6 bilhões) já supera em 19,7% as vendas de igual período de 2024 (US$ 23,9 bilhões) e é recorde para o período.
No caso da proteína bovina (US$ 14,9 bilhões), o aumento em valor chegou a 39,8%, mesmo com o aumento de 50 pontos porcentuais nas tarifas cobradas pelos Estados Unidos, segundo principal destino do segmento, sobre as importações brasileiras entre 6 de agosto e 13 de novembro deste ano.
Além de a China, maior mercado do produto brasileiro, ter aumentado as compras neste ano, o Brasil conseguiu redirecionar as exportações para outros países no período em que vigorou o tarifaço, inclusive com a abertura de mercados inéditos.
Em dezembro, as exportações diárias de carne bovina na primeira quinzena já somam valor médio 68,5% maior do que a média diária do último mês de 2024.
Com influenza aviária, volume exportado de carne de frango cai 1%
Com 4,5 milhões de toneladas exportadas e uma receita de US$ 8 bilhões em 11 meses, o setor avícola teve uma retração de 1% no volume e de 3,8% no valor vendido a outros países em um ano, mas também se recupera em dezembro.
Na primeira quinzena do último mês do ano, o valor médio diário exportado pelo segmento é 8,9% superior ao de dezembro do ano passado.
Em maio deste ano, o Brasil notificou a primeira ocorrência de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja comercial, na cidade de Montenegro (RS).
O fato levou 42 países a suspenderem as importações de carne de frango de todo o país, do Rio Grande do Sul ou apenas do município onde foi confirmado o foco da doença.
Alguns dos principais compradores do produto brasileiro em 2024, como China, Emirados Árabes Unidos, Japão e Arábia Saudita, adotaram restrições às compras da proteína do Brasil. Com a reconquista da declaração de país livre da enfermidade pelo Brasil em 18 de junho, os embargos passaram a ser derrubados.
VEJA TAMBÉM:

Mutação em vírus que matou milhões de aves pode gerar pandemia pior que a de Covid-19
A China, no entanto, retirou a suspensão apenas no início de novembro. Com isso, as compras chinesas de carne de frango brasileiro tiveram nos 11 primeiros meses de 2025 uma queda de 55,3% em volume e de 53,8% em valor em relação a igual período de 2024.
Exportação de café é menor, mas preço mais alto faz receitas subirem 28,7%
O café – outro produto afetado pelo tarifaço dos Estados Unidos, maior comprador do grão brasileiro – aumentou a participação na pauta exportadora do agronegócio.
O volume de exportações recuou 19,2%, mas, como os preços subiram no mercado internacional, o setor já faturou US$ 14,4 bilhões até novembro, 28,7% a mais que no mesmo intervalo do ano passado.
Nas duas primeiras semanas de dezembro, as vendas internacionais do café não torrado somam uma média diária 41,9% mais alta do que no mesmo mês de 2024.
China é principal destino das exportações do agro brasileiro
A China é o principal destino das exportações do agro do Brasil, com US$ 52 bilhões em compras até novembro, o equivalente a 33,5% de participação nas exportações brasileiras.
O valor é mais do que o dobro de importações de toda a União Europeia, composto de 27 países que, juntos, somaram US$ 22,9 bilhões em compras do agro brasileiro (14,7% do total).
VEJA TAMBÉM:

Quanto e como a China investe no agro brasileiro – e por que isso incomoda os EUA
Os Estados Unidos, que impuseram tarifas de 50% sobre boa parte dos produtos agropecuários do Brasil entre agosto e novembro deste ano, aparecem em terceiro lugar, com US$ 10,5 bilhões até novembro.
Na sequência vem Vietnã (US$ 3,2 bilhões), Índia (US$ 3,024 bilhões), Indonésia (US$ 3,016 bilhões), México (US$ 2,98 bilhões), Japão (US$ 2,93 bilhões), Turquia (US$ 2,92 bilhões) e Egito (US$ 2,8 bilhões).
VEJA TAMBÉM:

Portos do Paraná capta R$ 5 bilhões em investimentos e conclui regularização de áreas

Café e poder: a longa história do grão que os governos insistem em controlar
















