Depois que o ministro Alexandre de Moraes autorizou a abertura de um novo inquérito para investigar se algum investidor brasileiro se beneficiou de informação privilegiada do tarifaço de Donald Trump, aliados do presidente Lula disseram que, se a suspeita for confirmada e esse investidor for ligado a bolsonaristas, será uma munição muito forte contra Jair Bolsonaro e Trump.
Nesta segunda-feira (21), o ministro atendeu um pedido da Advocacia Geral da União (AGU) para acionar a Polícia Federal e a Comissão de Valores Mobiliários para que seja aberta uma investigação sobre operações suspeitas no mercado de dólar e real no dia em que Trump anunciou o tarifaço contra o Brasil.
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Moraes encaminhou o caso para a Procuradoria Geral da República (PGR) abrir um novo processo, mas ligado diretamente ao inquérito que já investiga o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por atentar contra a soberania nacional.
O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), também encaminhou pedido ao Banco Central para que sejam divulgados os nomes dos investidores que compraram dólar naquele dia e podem ter se beneficiado com informação privilegiada.
“Vamos checar quem são esses investidores, aqui no Brasil e lá fora, o BC tem os nomes dos dois lados já que foram transações com base na cotação do real em relação ao dólar”, disse o líder.
Ele lembrou que há assessores de Trump que vieram do mercado financeiro e continuam sócios de corretoras, inclusive auxiliares que participam das negociações comerciais pelos Estados Unidos.
Na avaliação de aliados de Lula, se as suspeitas forem confirmadas e os investidores forem ligados a bolsonaristas será muito grave e pode servir de munição para enfraquecer o ex-presidente Bolsonaro, seu filho Eduardo Bolsonaro e até o presidente Donald Trump.
Reportagem do Jornal Nacional mostrou que houve “um movimento muito estranho de compra e venda de dólares no dia do anúncio do tarifaço” e que muita gente ganhou dinheiro com isso.
A reportagem do repórter Felipe Santana mostra que alguém operou no mercado de dólar e real no dia 9 de julho, quando Trump anunciou a sanção contra o Brasil.
Movimento estranho de compra e venda de dólar, no dia do tarifaço de Trump, levanta suspeita
Segundo informações levantadas pelo JN, horas antes do anúncio de Trump, por volta das 13h30, alguém comprou uma quantidade enorme de dólares apostando contra o real.
De acordo com Spencer Hakimian, dono de fundo de investimento em Nova York, alguém comprou de US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões às 13h30, a R$ 5,46.
E aí, dois minutos depois do anúncio, feito às 16h17 do dia 9 de julho, vendeu a R$ 5,60 – quase a mesma quantidade, tendo um elevado rendimento.
Movimento semelhante foi observado quando Donald Trump anunciou tarifas elevadas contra a África do Sul e a União Europeia.
Os democratas estão tentando abrir uma investigação no Congresso dos Estados Unidos, mas sem sucesso. E uma investigação por órgãos dos Estados Unidos depende de funcionários ligados a Donald Trump. Ou seja, a possibilidade de a investigação prosperar por lá é mínima.