O produtor de conteúdo político Paulo Figueiredo, neto do ex-presidente da ditadura militar João Figueiredo, voltou a ser alvo da Procuradoria-Geral da República (PGR). Nesta segunda-feira (22), o órgão apresentou denúncia contra ele por coação contra autoridades do Poder Judiciário, com o objetivo de intervir na tramitação da trama golpista.
Figueiredo já tinha sido denunciado em fevereiro por participação na tentativa de golpe de Estado em 2022, no chamado núcleo da “propagação de desinformação”. Esse primeiro pedido de abertura de ação penal ainda não foi analisado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), porque o influenciador mora nos Estados Unidos e não foi notificado pessoalmente.
Ligação com Trump e Eduardo Bolsonaro
Radicado nos EUA, Paulo Figueiredo atua como influenciador político e aliado próximo do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Ele foi citado nominalmente na ordem executiva assinada por Donald Trump que impôs sanções ao ministro Alexandre de Moraes e sobretaxou produtos brasileiros. O texto acusou Moraes de violar direitos humanos de cidadãos americanos — incluindo o próprio Figueiredo.
Com Eduardo, ele fez lobby em Washington para pressionar por sanções contra o ministro e contra autoridades brasileiras, além de defender o chamado “tarifaço” de Trump, uma sobretaxa de 50% sobre produtos do Brasil.
Trajetória e formação
Antes de se tornar influenciador, Figueiredo atuou como comentarista de TV. Crítico contumaz do STF e apoiador de Jair Bolsonaro, teve contas bloqueadas por decisão judicial em 2022, além do congelamento de bens e cancelamento do passaporte.
Formado em economia, tem cursos em instituições como Harvard, London School of Economics e MIT. Hoje, mantém um canal no YouTube, escreve para o site conservador norte-americano The Epoch Times e vende cursos online. Também já participou de audiências no Congresso dos EUA, em que acusou Moraes de comandar uma “ditadura brasileira” e defendeu sanções contra o ministro com base na Lei Magnitsky.
Como tramitam as ações no STF
As denúncias contra Figueiredo precisam ser admitidas pelo STF para que se tornem ações penais. Se aceitas, ele passa à condição de réu e a Corte inicia a fase de instrução: coleta de provas, depoimentos de testemunhas e interrogatórios. Ao fim, acusação e defesa apresentam alegações finais, e os ministros decidem se condenam ou absolvem.
Em caso de condenação, o Supremo fixa a pena conforme o grau de participação nos crimes. Tanto a acusação quanto a defesa podem recorrer dentro da própria Corte.