quinta-feira , 24 julho 2025
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Adoçante usado em produtos “zero açúcar” pode aumentar risco de AVC

O consumo do eritritol, adoçante natural presente em muitos alimentos e bebidas rotulados como “zero açúcar”, pode prejudicar os vasos sanguíneos do cérebro e potencialmente elevar o risco de acidente vascular cerebral (AVC). Isso é o que diz um novo estudo feito por pesquisadores da Universidade do Colorado (EUA), publicado no Journal of Applied Physiology.

Os cientistas expuseram células do endotélio — tecido que reveste os pequenos vasos cerebrais — a uma concentração de eritritol equivalente à encontrada em produtos industrializados comuns, como sorvetes, barras de proteína e refrigerantes zero açúcar.

Em apenas 24 horas, observou-se o aumento de estresse oxidativo, sinalizando possível dano celular. Também foi registrada a elevação da produção de endotelina-1, que contrai os vasos sanguíneos; redução da produção de óxido nítrico, substância vital para dilatação dos vasos; e menor liberação do ativador tecidual do plasminogênio (t-PA), essencial para dissolver coágulos sanguíneos.

Os autores da pesquisa apontam que esses efeitos podem, isoladamente ou em conjunto, prejudicar o fluxo sanguíneos no cérebro, aumentar a formação de placas e reduzir a capacidade de desfazer coágulos, o que eleva o risco de AVC isquêmico.

Ainda que os resultados tenham sido observados em testes com cultura celular, há sinais epidemiológicos que também apontam para o risco de AVC. Pesquisas anteriores vinculam altos níveis de eritritol no sangue a maior risco de derrame, ataque cardíaco e coagulação, especialmente em pessoas com condições cardíacas ou diabetes.

“Nosso estudo reforça as evidências que sugerem que adoçantes não nutritivos, geralmente considerados seguros, podem não estar isentos de consequências negativas para a saúde”, disse Christopher DeSouza, autor sênior do estudo e diretor do Laboratório de Biologia Vascular Integrativa da Universidade do Colorado, em comunicado.


Como reduzir o risco vascular

  • Leia os rótulos e evite produtos que listem “eritritol” ou “álcool de açúcar” próximo ao topo dos ingredientes.
  • Priorize alimentos minimamente processados e naturais, com adoçantes em pequenas quantidades.
  • Mantenha hábitos saudáveis para reduzir o risco vascular: controle da pressão, controle do açúcar no sangue, prática de atividade física, descanso adequado e alimentação equilibrada contribuem.

Onde o eritritol está presente?

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Balas e chicletes rotulados como “sem açúcar” costumam conter álcoois de açúcar como eritritol, xilitol ou sorbitol. O eritritol ajuda a adoçar sem provocar cáries ou picos de glicose

Cappi Thompson / Getty Images

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Algumas bebidas fitness, como energéticos “naturais” ou chás prontos, usam eritritol para dar sabor doce sem calorias. O rótulo pode incluir “adoçado com eritritol” ou misturas com estévia

Bauwimauwi / Getty Images

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Muitos chocolates dietéticos usam eritritol para manter o sabor doce sem elevar a glicemia. É comum encontrar a substância em marcas que prometem “zero açúcar”

Gabi Musat / Getty Images

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Produtos assados com apelo “cetogênico” ou “low carb”, como bolos prontos e pães funcionais, frequentemente usam eritritol em vez de açúcar para manter o sabor e reduzir calorias

istetiana / Getty Images

Um braço da pesquisa, com oito adultos saudáveis, também foi feito dentro do estudo. Os participantes consumiram uma bebida com 30 g de eritritol (quantidade típica em um produto dietético). Durante os três dias seguintes, os níveis de eritritol no sangue permaneceram centenas de vezes acima do necessário para ativar a coagulação e permaneceram acima do limite considerado de risco potencial.

Os pesquisadores reforçam a importância de observar a quantidade de adoçante ingerida. DeSouza enfatiza que o estudo utilizou apenas uma porção de adoçante e alerta que o impacto pode ser pior para aqueles que consomem várias porções por dia.

O eritritol, antes considerado seguro e popular em dietas sem açúcar, agora apresenta evidência laboratorial de potencial dano aos vasos cerebrais, o que pode elevar o risco de AVC. Ainda são necessários estudos clínicos maiores para confirmar se esse efeito se replicará em larga escala nos seres humanos. Até lá, especialistas recomendam cautela: monitorar o consumo e investir em hábitos de vida saudáveis.

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