Os Correios firmaram um empréstimo bilionário com um grupo de cinco bancos para reforçar o caixa da estatal e viabilizar seu plano de reestruturação. Os Correios assinaram o contrato, no valor de R$ 12 bilhões, na sexta-feira (26). A União publicou os termos em edição extra do Diário Oficial deste sábado (27). O acordo tem vigência até dezembro de 2040.
O financiamento foi estruturado com recursos do Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Santander e Itaú. Segundo os termos divulgados, a empresa utilizará o crédito para capital de giro e para assegurar investimentos considerados estratégicos. A operação envolve o pagamento de comissão de estruturação e conta com garantia formalizada em contrato celebrado entre os Correios, os bancos credores e a União.
A contratação do empréstimo faz parte da estratégia da estatal para enfrentar um rombo financeiro que já supera R$ 6 bilhões. O valor pode alcançar até R$ 10 bilhões ao fim de 2025. Apesar do valor total contratado, os Correios terão acesso imediato limitado aos recursos e poderão movimentar apenas R$ 5,8 bilhões nos últimos dias de 2025. O objetivo é equilibrar as contas na virada do ano.
O custo da operação, considerando os juros ao longo do período, deve se aproximar de R$ 14 bilhões. Ainda assim, o Tesouro Nacional afirma que a renegociação trouxe alívio financeiro à empresa. A proposta inicial previa um empréstimo de R$ 20 bilhões, com taxa de 136% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI).
Porém, o Ministério da Fazenda revisou o plano ao impor um teto aos encargos. O acordo final ficou em R$ 12 bilhões, a 120% do CDI. De acordo com o governo, representa uma economia de quase R$ 5 bilhões em juros em comparação ao plano original.
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A necessidade do socorro financeiro ganhou contornos mais graves após a divulgação dos resultados do primeiro semestre de 2025. No período, os Correios registraram um prejuízo de R$ 4,4 bilhões.
Com isso, os Correios superaram o recorde negativo de todo o ano anterior, que havia sido de R$ 2,6 bilhões. A empresa ainda agravou a crise ao registrar queda de 9,5% na receita em relação ao primeiro semestre de 2024, quando faturou R$ 8,9 bilhões, enquanto elevou as despesas administrativas e financeiras para R$ 13,4 bilhões.
Mantido esse ritmo, o déficit da estatal pode chegar a R$ 8 bilhões ao longo do ano. Diante desse cenário, os Correios passaram a considerar os aportes financeiros essenciais para garantir o funcionamento básico da empresa, incluindo o pagamento de salários dos funcionários, o que evidencia a profundidade da crise enfrentada pela estatal.









