domingo , 21 dezembro 2025
Lar Economia Empresas de vale-alimentação criticam decreto de Lula e alegam interferência
Economia

Empresas de vale-alimentação criticam decreto de Lula e alegam interferência

As empresas que operam benefícios como vale-alimentação e refeição reagiram com indignação ao decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que muda as regras do Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). A Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT), que representa cerca de 500 companhias do setor, afirmou que a medida, entre outros fatores, provoca uma “interferência governamental” na iniciativa privada que pode “inibir a livre iniciativa e a competitividade”.

O decreto foi assinado na última terça (11) com o objetivo de estimular a concorrência do mercado através da redução para 3,6% da taxa cobrada dos restaurantes e estabelecimentos comerciais, repasse mais rápido dos pagamentos e fim da exclusividade de bandeiras nas maquininhas que processam as transações. Para a associação, que representa gigantes como Alelo, VR, Pluxee e Ticket, entre outras, a medida vai na contramão e ameaça a essência do PAT.

“O decreto do PAT ameaça a essência do programa social, fragiliza a fiscalização da alimentação e reduz controle dos benefícios”, afirmou a ABBT em nota (veja na íntegra mais abaixo).

VEJA TAMBÉM:

  • Lula despenca ao defender traficantes enquanto a população apoia a polícia

Um dos principais pontos criticados é a criação do chamado “arranjo aberto”, que permite o uso dos cartões de vale-refeição e vale-alimentação em qualquer estabelecimento, e não apenas em locais credenciados para a venda de refeições ou alimentos, como ocorre hoje. Para as empresas, essa abertura compromete o objetivo principal do benefício.

“Poderá possibilitar o desvio do benefício de sua função principal: a alimentação do trabalhador. Um exemplo recente de desvio de finalidade em benefício social é o do Bolsa Família, como foi amplamente noticiado. Segundo a imprensa, os beneficiários transferiram vultosas somas aos jogos eletrônicos e Bets”, alega a entidade.

A ABBT emenda ressaltando que, sem controle e fiscalização adequados, o decreto cria um terreno fértil para fraudes e mau uso dos recursos destinados à alimentação dos trabalhadores. Já o modelo fechado atual garantiria uma qualidade nutricional e segurança às transações.

As companhias alegam também que o decreto cria “prazos inexequíveis” e pode causar desequilíbrios financeiros entre os pagamentos aos estabelecimentos e o recebimento de valores do setor público. Atualmente, mais de 4,6 milhões de servidores em 2,6 mil municípios recebem o benefício.

“Nenhum estudo foi realizado comprovando que as mudanças se refletirão em redução de preços. Pode ocorrer, por outro lado, o aumento de margem dos grandes grupos de varejo”, pontua a entidade ressaltando que isso pode levar a uma redução nos investimentos, perda de empregos e enfraquecimento da rede de alimentação do trabalhador.

O governo, por sua vez, defende que o novo modelo vai estimular a concorrência e gerar uma economia estimada em R$ 7,9 bilhões com as novas regras. “Vai acabar com o oligopólio de poucas empresas com o vale-refeição do trabalhador”, afirmou Lula durante o ato de assinatura do decreto que, diz, vai beneficiar mais de 22 milhões de trabalhadores.

Empresas reagem

Veja abaixo a nota completa da ABBT sobre as alterações promovidas pelo decreto presidencial:

Decreto do PAT ameaça a essência do programa social, fragiliza a fiscalização da alimentação e reduz controle dos benefícios

A Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT) expressa profunda preocupação com o Decreto Nº 12.712, assinado em 11/11, pelo Presidente da República.

• Atualmente são cerca de 500 empresas autorizadas a atuarem nesse mercado, amplo e diversificado, que poderão ser impactadas.

• A imposição do “arranjo aberto” que poderá possibilitar o desvio do benefício de sua função principal: a alimentação do trabalhador.

• Um exemplo recente de desvio de finalidade em benefício social é o do Bolsa Família, como foi amplamente noticiado. Segundo a imprensa, os beneficiários transferiram vultosas somas aos jogos eletrônicos e Bets.

• A eventual falta de monitoramento e de fiscalização, realizados pelas empresas de arranjo fechado, propiciará o aumento do uso indevido do benefício.

• A qualidade nutricional das refeições adquiridas pelos trabalhadores, realizada pelo modelo fechado do programa, ficará prejudicada. Anualmente, milhares de estabelecimentos comerciais são descredenciados por irregularidades — comprovando a importância do controle permanente.

• O tabelamento é um perigoso precedente da interferência governamental na iniciativa privada, pode inibir a competitividade e desestimular a concorrência.

• A concentração em apenas três grandes administradoras de cartões de crédito no Brasil contraria a livre iniciativa e a competitividade.

• Há a imposição de prazos inexequíveis em contratos com dezenas de milhares de empresas.

• A redução do prazo de reembolso trará descasamento entre os pagamentos aos estabelecimentos comerciais e o recebimento do setor público. Atualmente mais de 4,6 milhões de servidores em mais de 2.600 municípios brasileiros são beneficiados.

• Nenhum estudo foi realizado comprovando que as mudanças se refletirão em redução de preços.

• Pode ocorrer, por outro lado, o aumento de margem dos grandes grupos de varejo.

• O impacto econômico das novas regras poderá gerar consequências graves, como desemprego no setor de alimentação e retração de investimentos e de oportunidades de novos negócios.

Artigos relacionados

Investimentos de Fundos dispensaram critérios legais

Os investimentos de fundos de previdência pública no Banco Master começaram a...

Lula admite frustração por falta de acordo Mercosul-UE

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) admitiu neste sábado (20)...

Congresso infla emenda com dinheiro da Previdência e Pé-de-Meia

Com a supressão de recursos da Previdência e de programas sociais como...

STF analisará caso a caso a redução de penas dos réus de 8/11

Em meio à guerra de versões sobre a participação dos Poderes no...