(FOLHAPRESS) – Quem vê os chutes potentes de fora da área do meia-atacante Anderson Talisca, 31, talvez não imagine, mas por baixo do uniforme do Fenerbahçe (Turquia), bate o coração de um cantor de trap e R&B que leva a sério a sua segunda profissão -que, por pouco, não foi a primeira.
“A arte veio antes da bola. Para ganhar bolsa na época de escola, era preciso matricular a criança em aulas de futebol, dança, tênis. E eu fui para música. O colégio me ensinou a ser artista. Participava de desfile de 7 de setembro, toquei em banda de axé”, diz o atleta, natural de Feira de Santana (BA). Talisca chegou a ser convocado para a seleção brasileira em 2014 e 2018 e, em sua persona musical, atende por Spark.
Adepto das letras melódicas, a maioria delas sobre romance e relacionamentos, ele já tem um disco lançado, “Notas”, além de clipes espalhados pelo YouTube. Dentre eles o de “Felina”, com L7nnon, e “Sou Eu”. Ambos ultrapassam a marca de 1 milhão de visualizações. No mês de outubro, Talisca, ou melhor, Spark lançará o single “Tempo Certo”
Ele diz que seu lado artista não prejudica o atleta. Pelo contrário: uma atividade complementa a outra. “A música e o futebol me fizeram entender a importância da dedicação, de buscar ser melhor a cada dia e me capacitaram como ser humano. Ter duas tarefas requer uma mentalidade mais forte”, afirma.
Ele usa seu período de férias para poder gravar (tem até estúdio dentro de casa), lançar e fazer shows. Nas próximas semanas, fará apresentações pelo Rio de Janeiro e por São Paulo. E Spark pensa grande. “Quero participar de festivais maneiros como o The Town e o Rock in Rio”, diz. Seria um salto e tanto. Ela conta que, no ano passado, fez uma apresentação para 8.000 fãs em Goiânia (GO).
Para chegar lá, Talisca vem se preparando. “Faço aula de canto de duas a três vezes por semana, tenho um produtor que está comigo há cinco anos e uma equipe por trás para vender os shows e cuidar de tudo. Levo a sério. Sempre fui reservado, mas a música me dá empoderamento e me liberta”, complementa.
Perguntado sobre Gabriel Barbosa, o Gabigol, atualmente no Cruzeiro, ele diz que, ao contrário do jogador, não “surfa a onda” musical. O camisa 9 do clube mineiro também é amante do trap e tem clipes no YouTube nesse estilo.
“Ele surfou na música, e no meu caso é algo que vem desde criança. Não é um hobby. Quando não tem desenvoltura e talento, não se desenvolve. Spark é coisa séria”, afirma.
Mas a carreira musical fica para fora dos campos. Na hora de concentrar para um jogo, as canções não entram no vestiário. “Alguns colegas de clube até escutam o que faço, mas eu fico focado na partida. Minha grande virtude é separar bem as coisas.”