quarta-feira , 31 dezembro 2025
Lar Cidade Luiz Fux carimba a faixa de paladino da democracia de Moraes
Cidade

Luiz Fux carimba a faixa de paladino da democracia de Moraes

O único juiz concursado do STF, o ministro Luiz Fux, deu uma aula de direito a Alexandre de Moraes e aos demais integrantes do tribunal.

Em voto admiravelmente técnico, ele votou pela incompetência absoluta do STF de julgar Jair Bolsonaro e os outros sete réus sem prerrogativa de foro, acolhendo o argumento da defesa e relembrando o conceito básico de juiz natural. Incompetência agravada pelo fato de o julgamento não ter sido levado ao plenário do Supremo, mas permanecido na primeira turma do tribunal.

“A Constituição da República delimita de forma precisa e restrita a hipótese que nos cabe atuar originariamente no processo penal. Trata-se, portanto, de competência excepcionalíssima. Meu voto é no sentido de reafirmar a jurisprudência dessa corte. Concluo, assim, pela incompetência absoluta do STF para o julgamento desse processo, na medida que os denunciados já havia perdidos seus cargos”, afirmou o ministro.

Leia também
  • Brasil

    De punitivista a garantista, Fux muda perfil em caso de Bolsonaro
  • Brasil

    Aliados de Bolsonaro celebram falas de Fux no STF: “Arrebentando”
  • Brasil

    Antes crítico, Fux vota por manter delação de Cid na trama golpista

Mais: Luiz Fux apontou o cerceamento de defesa dos réus pelo fato de os seus advogados não terem tido tempo hábil para examinar o “tsunami de dados” a partir dos quais a Procuradoria-Geral da República construiu a sua peça acusatória, pinçando alguns e descartando outros.

O ministro retomou a velha e boa jurisprudência, não a jurisprudência de ocasião tão ao gosto dos seus colegas, para ensinar que, embora o direito tenha pressupostos na moralidade, ambos não se confundem.

O sujeito pode ser um “canalha”, um “patife”, praticar “ordinariedades”, exemplificou Luiz Fux, mas, se não incorrer em crimes previstos na lei, ele não pode ser julgado criminalmente pelo seu caráter e pelo seu comportamento.

É o princípio da legalidade estrita, do jurista italiano Cesare Beccaria, segundo o qual só as leis redigidas e aprovadas pelo legislador, que representa a sociedade, podem determinar os delitos e as penas.

A legalidade estrita é que impede que um tribunal faça julgamentos políticos, e Luiz Fux não poderia ter sido mais claro nesse sentido claro: “não compete ao Supremo Tribunal Federal realizar um juízo político do que é bom ou ruim, conveniente ou inconveniente, apropriado ou inapropriado. Compete a este tribunal afirmar o que é constitucional ou inconstitucional, legal ou ilegal”.

A maioria dos ministros do STF não está nem aí para a legalidade estrita e condenará Jair Bolsonaro e os outros sete réus em julgamento político. Mas Luiz Fux carimbou a faixa de defensor da democracia de Alexandre de Moraes, apontando o tsunami de arbítrio produzido pelo ministro, com a cumplicidade dos seus pares, e abrindo caminho para que, no futuro, o julgamento possa ser anulado.

Se Luiz Fux fez o que fez por ter simpatia por Jair Bolsonaro, não importa. Muitas vezes o certo é feito pelos motivos errados.

PS: Enquanto escrevia este artigo, o ministro continuava a ler o seu voto. Ele desmontou a acusação de que Jair Bolsonaro e demais réus formavam uma organização criminosa, crime que, segundo o ministro não pode ser “banalizado”. “A imputação do crime de organização criminosa exige mais do que a reunião de vários agentes para a prática de delitos, a pluralidade de agentes. A existência de um plano delitivo não tipifica o crime de organização criminosa”, disse Luiz Fux.

Artigos relacionados

Fagner volta a Brasília, lugar onde tudo começou, em 24 de outubro

Raimundo Fagner, dono de uma voz “rascante e inconfundível”, tem uma história...

Terremoto de magnitude 7,6 atinge Filipinas e gera alerta de tsunami

Um forte terremoto de magnitude 7,6 atingiu o sul das Filipinas na...

Procuradora que processou Trump é alvo de investigação federal nos EUA

A procuradora-geral de Nova York, Letitia James, foi acusada de fraude bancária...

Vídeo: filho mantinha mãe idosa em condições insalubres há 15 anos

Agentes da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) resgataram, nesta quinta-feira (9/10),...