domingo , 7 setembro 2025
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John Deere, gigante de máquinas agrícolas, sofre com novas tarifas

As novas tarifas de importação e políticas comerciais do presidente americano, Donald Trump, estão tornando o mercado mais desafiador e imprevisível para a John Deere, principal fabricante americana de máquinas agrícolas, mostra reportagem do jornal The New York Yimes.

No mês passado, a empresa informou que seu lucro líquido no último trimestre caiu 29% em relação ao mesmo período do ano passado. A elevação de tarifas, principalmente sobre o aço e o alumínio, custou à John Deere até agora US$ 300 milhões, valor que deve subir para US$ 600 milhões até o fim do ano. Nos últimos meses, 238 trabalhadores foram demitidos das unidades de Illinois e Iowa da fabricante.

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A publicação destaca uma mudança no comportamento dos agricultores americanos, que têm se voltado à compra de máquinas agrícolas usadas em vez de novas, em razão da alta nos preços.

A demanda por novos equipamentos é determinada principalmente pelas receitas com as safras. No momento, o milho é vendido no país por 50% das máximas registradas em meados de 2022. Já a cotação da soja caiu 40% no mesmo período.

Segundo a reportagem, a John Deere espera que as vendas de grandes máquinas agrícolas, principal fonte de sua receita, caiam de 15% a 20% em 2025 e que o cenário deve se manter em 2026.

Josh Beal, diretor de relações com investidores da companhia, afirmou em recente teleconferência de resultados, que os clientes estavam “operando em mercados cada vez mais dinâmicos” devido a tarifas, altas taxas de juros e um ambiente de comércio global em mudança que “gera cautela ao considerar compras de capital”.

Embora a produtividade americana das safras de milho e soja deva atingir níveis quase recordes nos próximos meses, segundo projeções do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), as novas políticas tarifárias fizeram despencar a demanda chinesa pelas commodities.

Após o anúncio de tarifas sobre produtos chineses por Trump em fevereiro deste ano, a China impôs uma retaliação à soja americana. As exportações de soja dos EUA para a China caíram 51% este ano, e o país asiático não fez nenhuma compra antecipada do grão americano para a próxima safra.

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Segundo projeção do USDA, os agricultores de soja americanos devem receber US$ 3,4 bilhões a menos do que no ano passado, o que faz com que alguns produtores estejam perdendo dinheiro por área plantada.

Queda nas exportações por causa de tarifas reduz receita de agricultores, público-alvo da John Deere

Máquinas agrícolas novas representam um dos maiores custos para os agricultores. Em meio aos prejuízos e incertezas sobre o futuro, muitos estão optando por consertar seus atuais equipamentos ou comprar outros mais baratos ou menos potentes.

Há dúvidas sobre a retomada das exportações em larga escala para a China, sobre uma nova lei que amplie subsídios ou programas de apoio à renda dos agricultores, sobre a possibilidade de corte de juros pelo Federal Reserve, o Banco Central norte-americano, sobre os preços do aço importado.

Ouvido pelo jornal, Tad DeHaven, pesquisador de políticas do Cato Institute, think tank que defende o livre mercado, questiona: “Como empresas e agricultores podem planejar a longo prazo quando não se sabe qual será o custo dos insumos ou como estará o mercado nas próximas semanas?”

“Essas empresas, seja a John Deere, uma cervejaria artesanal ou qualquer outra, estão tentando navegar por essa situação. Elas estão se esforçando ao máximo para cortar custos e se manterem no mercado”, acrescenta.

Apesar de o setor agrícola estar acostumado a riscos e imprevistos, uma nova incerteza ainda tem se mostrado difícil de controlar, segundo Kristen Owen, diretora-gerente da Oppenheimer & Company: o “risco da caneta”, a possibilidade de que, com um ato do Executivo, tudo mude novamente.

Procurada pelo NYT, a John Deere não quis comentar a reportagem. Em uma nota de esclarecimento publicada em seu site oficial, a empresa afirmou que deve investir US$ 20 bilhões na produção nos EUA nos próximos 10 anos.

“Nosso compromisso em entregar valor aos nossos clientes inclui investimentos contínuos em produtos, soluções e capacidades de produção avançados”, declarou John May, presidente e CEO da John Deere.

A fabricante, fundada em 1837, conta com mais de 30 mil empregados em 60 fábricas e escritórios localizados em 16 estados americanos.

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