A Gerdau anunciou que já demitiu 1.500 funcionários entre janeiro e julho de 2025, concentrando os desligamentos em unidades de Pindamonhangaba e Mogi das Cruzes – interior de São Paulo.
A reação é uma resposta ao crescimento da importação de aço no Brasil, especialmente da China. A empresa considera a entrada desse aço predatória e critica a ausência de medidas eficazes do governo para proteger a indústria nacional.
Ao Valor Econômico, o CEO da companhia, Gustavo Werneck disse que os cortes são consequência da falta de ação do governo federal para proteger a indústria nacional. Assim que o governo federal colocar medidas de defesa comercial, imediatamente a gente pode voltar com essas usinas”, comentou.
A companhia havia suspendido outras demissões na expectativa de que o Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex) adotasse medidas adicionais de defesa comercial, iniciativa que não ocorreu após reunião em 24 de julho. Caso o governo federal não implemente proteções ao setor, novas demissões são possíveis.
A partir de 2026, investimentos estão suspensos no Brasil, diz Gerdau
A Gerdau confirmou que manterá os investimentos previstos para 2025, estimados em R$ 6 bilhões, sendo R$ 4 bilhões no Brasil e o restante aos Estados Unidos, onde a companhia entende haver ambiente favorável e políticas de incentivo à reindustrialização.
Porém, a partir de 2026, a empresa informou que reduzirá os aportes no Brasil e reavaliará sua estratégia para os anos seguintes, com definição detalhada prevista para outubro, durante o “Investor Day”.
“Reduzir investimentos é uma decisão que já tomamos”, comentou Werneck, durante teleconferência para comentar os resultados da empresa. A Gerdau argumenta que a continuidade dos investimentos no país é inviável sem a proteção do mercado diante da concorrência estrangeira predatória.
A presença do aço chinês no mercado brasileiro, historicamente inferior a 11%, subiu para 30% nas contas da Gerdau, um percentual que a Associação Brasileira do Aço também confirma estar em alta: de 9,3% em 2020 para 23,4% no primeiro semestre de 2025, chegando a 26% no segundo trimestre, recorde histórico.