O teor de etanol na gasolina aumenta de 27% para 30% a partir desta sexta (1º), enquanto que o percentual de biodiesel no diesel comum sobe de 14% para 15%. A medida foi aprovada em junho pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro Alexandre Silveira, de Minas e Energia.
O governo estima que o aumento do percentual de etanol pode resultar numa redução de R$ 0,11 no preço da gasolina nas bombas. A alteração está alinhada com a Lei do Combustível do Futuro, que foi aprovada e sancionada no ano passado, permitindo uma mistura de até 35% de etanol.
“Voltaremos a ser autossuficientes em gasolina depois de 15 anos e diminuiremos a necessidade de diesel importado. Essas medidas fortalecem o agronegócio e a agricultura familiar”, afirmou Silveira durante o anúncio em junho.
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A alteração foi fundamenta por testes realizados pelo o Instituto Mauá de Tecnologia (IMT) a pedido do Ministério de Minas e Energia e concluídos em fevereiro deste ano. A adição de etanol à gasolina reduz o consumo de combustíveis fósseis e as emissões de CO₂, já que o etanol emite apenas um terço do CO₂ da gasolina e parte desse gás é reabsorvida no cultivo da cana de açúcar.
A nova composição dos combustíveis coincide com um período de ajustes nos preços praticados pela Petrobras. A estatal anunciou reduções no preço do diesel ao longo de 2025, com cortes que chegaram a 12% no ano, e de 5,31% no caso da gasolina.
Por outro lado, segundo estudo do Itaú BBA divulgado em fevereiro, a mudança na mistura pode ter efeito contrário e os preços aumentarem no curto prazo: 0,6% na gasolina comum, 3,6% no etanol hidratado e 4,3% no etanol anidro. O aumento resulta da maior demanda por etanol anidro e menor oferta de etanol hidratado, sem expansão imediata da produção total.
A consultoria projeta crescimento na produção de etanol de milho, enquanto a de cana-de-açúcar deve cair, com usinas priorizando o açúcar. Paralelamente, o maior teor de etanol na gasolina pode eliminar as importações de gasolina pura.
A EPE estima que, com 33% de etanol, as importações líquidas cessariam em 2030. Em 2023, o Brasil importou 2,7 milhões de m³ de gasolina pura (8,8% da demanda nacional), principalmente dos Países Baixos, Espanha e Rússia.